tag:blogger.com,1999:blog-5158171058696942762024-03-13T08:27:30.066-03:00Pinheiro Pedro AdvogadosPara mais informações:
http://pinheiropedro.com.br/site/Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.comBlogger327125tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-8540050207628308572018-03-20T18:54:00.002-03:002018-03-20T18:54:48.762-03:00O consórcio bandeirante dos Três Poderes<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="article-header" style="display: table; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: center; width: 749.6px;">
<h3 style="color: #134f5c; display: table-cell; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 20px; font-weight: normal; margin: 0px; padding: 0px 40px 0px 0px; position: relative; vertical-align: middle; width: 669.6px;">
<a data-id="3382917661663472347" data-item-type="post" href="http://www.theeagleview.com.br/2017/07/pesquisa-atesta-morte-dos-tres-poderes.html" itemprop="url" rel="bookmark" style="color: #134f5c; outline: none; text-decoration-line: none; transition: color 0.3s;">PESQUISA ATESTA A MORTE DOS TRÊS PODERES NO ESTADO DE SÃO PAULO</a></h3>
</div>
<div class="article-content entry-content" itemprop="articleBody" style="clear: both; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 1.4; margin: 10px auto 5px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<div dir="ltr" style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: left;" trbidi="on">
<h3 style="font-weight: bolder; margin: 10px 0px 0px; padding: 0px; position: relative; text-align: center;">
<br /></h3>
<div class="entry" style="line-height: 1.6em; margin: 10px 0px 0px; outline: none; padding: 0px; position: relative;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; padding: 4px; text-align: center;"><tbody>
<tr><td><a href="https://1.bp.blogspot.com/-Tz4B9fi6pH4/WXO5Gr-hojI/AAAAAAAATh4/PsprFJOS2BQQQEqiNs5KdOQiKpAsWQVCgCLcBGAs/s1600/absolutismo.jpg" imageanchor="1" style="color: #009eb8; display: inline; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; margin-left: auto; margin-right: auto; outline: none; text-decoration-line: none; transition: color 0.3s;"><img border="0" data-original-height="719" data-original-width="1227" src="https://1.bp.blogspot.com/-Tz4B9fi6pH4/WXO5Gr-hojI/AAAAAAAATh4/PsprFJOS2BQQQEqiNs5KdOQiKpAsWQVCgCLcBGAs/s1600/absolutismo.jpg" style="-webkit-border-image: url("data:image/png; border: 9px none; box-sizing: border-box; display: inline-block; margin: 10px auto; max-width: 100%; padding: 8px; position: relative;" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 11.2px;">Tal como no absolutismo, governantes, procuradores e magistrados paulistas agem monocraticamente...contra o povo</td></tr>
</tbody></table>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><br /></em></div>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><br /></em></div>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;">Por Maria Cristina Fernandes*</em></div>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><br /></strong></em></div>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px;">
<span style="text-align: justify;">Em 2013, o defensor público Bruno Shimizu, de posse de parecer médico que indicava a necessidade de banho quente para presos tuberculosos, pediu ao Estado água aquecida nos presídios de São Paulo. Conseguiu uma liminar que determinava a instalação de chuveiros elétricos, restritos, àquela época, a 7% das penitenciárias estaduais. Suspensa pelo presidente do Tribunal de Justiça do Estado, a liminar acabou tendo decisão favorável em abril deste ano por determinação do Superior Tribunal de Justiça. Suspensões favoráveis ao Estado são rotina na segunda instância judicial paulista. Pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas,</span><span style="text-align: justify;"> </span><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Luciana_Zaffalon" rel="noopener" style="border-bottom: 1px dotted rgb(102, 102, 102); color: #333333; display: inline; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify; text-decoration-line: none; transition: color 0.3s;" target="_blank">Luciana Zaffalon</a><span style="text-align: justify;"> </span><span style="text-align: justify;">analisou 566 processos que passaram pela presidência do TJ entre 2012 e 2015.</span></div>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
Encontrou uma única situação em que o Estado foi derrotado 100% das vezes: ao questionar a aplicação do teto remuneratório no serviço público, em especial das <strong style="margin: 0px; padding: 0px;">carreiras do Judiciário, as mais bem pagas do Estado.</strong></div>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Luciana_Zaffalon" rel="noopener" style="border-bottom: 1px dotted rgb(102, 102, 102); color: #333333; display: inline; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none; transition: color 0.3s;" target="_blank">Luciana</a> não se limitou às decisões do TJ. Debruçou-se sobre as 404 proposições relativas ao sistema judicial apresentadas à Assembleia Legislativa entre 2011 e 2016. Apenas 17% das mudanças legislativas não tiveram repercussão orçamentária, sendo que metade das leis aprovadas nesta seara resultou em <strong style="margin: 0px; padding: 0px;">aumentos, vantagens, bonificações, abonos e auxílios. O governador Geraldo Alckmin foi o principal autor das benesses. Aprovou 91% das propostas que apresentou.</strong><span id="more-37134" style="margin: 0px; padding: 0px;"></span></div>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
Foi contemplado ainda com a possibilidade de suplementação orçamentária sem o crivo da Assembleia, o que, apenas no ano de 2015, resultou em quatro acréscimos às verbas do Tribunal de Justiça do Estado.</div>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
Os levantamentos foram a base da tese de doutorado apresentada por <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Luciana_Zaffalon" rel="noopener" style="border-bottom: 1px dotted rgb(102, 102, 102); color: #333333; display: inline; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none; transition: color 0.3s;" target="_blank">Luciana</a> à Fundação Getúlio Vargas (FGV), que será transformada em livro, pela Hucitec, neste semestre. O título (“Uma Espiral Elitista de Afirmação Corporativa: Blindagens e Criminalizações a partir do Imbricamento das Disputas do Sistema de Justiça Paulista com as Disputas da Política Convencional”) poderia ser resumido em uma lápide: aqui jaz Montesquieu. O documento mapeado por <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Luciana_Zaffalon" rel="noopener" style="border-bottom: 1px dotted rgb(102, 102, 102); color: #333333; display: inline; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none; transition: color 0.3s;" target="_blank">Luciana</a> não é mais uma tese sobre a judicialização da política, mas da outra face da moeda, a politização do Judiciário.</div>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
O ineditismo de sua tese está na demonstração de como a elite judiciária de São Paulo ao mesmo tempo em que blinda a política de segurança pública do Executivo tem garantido uma política remuneratória que se vale de subterfúgios para extrapolar o teto constitucional. O dueto é avalizado pela Assembleia, em prejuízo do contribuinte e, principalmente, da democracia.</div>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;">Os últimos sete secretários de Segurança Pública do Estado são egressos do Ministério Público. A tese demonstra que não se trata de uma coincidência</strong>. A repressão a manifestações (96 bombas de gás por dia no primeiro semestre de 2016) e as políticas prisionais seguem sem questionamentos daquele que deveria ser um principais contrapesos ao monopólio da violência pelo Estado. País com a quarta população carcerária do mundo (depois de EUA, China e Rússia), o Brasil é o único desses líderes a manter índice crescente de encarceramento. Mais de um terço dos presos brasileiros está em São Paulo.</div>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
A Defensoria Pública, criada em São Paulo depois que a maior parte dos Estados brasileiros já o havia feito, não aparece uníssona na ameaça à blindagem entre os poderes. Coordenadora do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM), <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Luciana_Zaffalon" rel="noopener" style="border-bottom: 1px dotted rgb(102, 102, 102); color: #333333; display: inline; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none; transition: color 0.3s;" target="_blank">Luciana Zaffalon</a> foi ouvidora geral da defensoria, instituição judicial mais bem sucedida na estratégia de conseguir aumentos remuneratórios retroativos. Seu portal da transparência informa um rendimento médio mensal de R$ 26.980,00 (sem contar férias e 13º salário).</div>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
Dos 716 registros do seu universo de análise, 12 estavam acima do teto constitucional daquele ano (2015), R$ 33.763,00.<br style="margin: 0px; padding: 0px;" />As vantagens obtidas pelos defensores, no entanto, não são comparáveis àquelas com as quais os procuradores foram agraciados. De 1.920 matrículas do MP estadual, encontrou apenas 3% aquém do teto constitucional.</div>
<blockquote style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: url("/wp-content/themes/pub/under-the-influence/images/quote.png"); background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: no-repeat; background-size: initial; color: #666666; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 15px 30px 0px 10px; min-height: 30px; padding: 0px 0px 0px 40px;">
<div style="margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px;">
<span style="color: black; margin: 0px; padding: 0px;"><em style="margin: 0px; padding: 0px;">O rendimento médio no MP em São Paulo em 2015 foi de R$ 45.036,30 (sem contabilizar férias e 13º). Naquele ano, a complementação para vantagens, abonos e outras indenizações alcançadas pela carreira impuseram ao orçamento estadual gastos de R$ 421 milhões, o equivalente a 12 vezes a previsão daquele ano para as políticas de enfrentamento ao crack.</em></span></div>
</blockquote>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
Dos três órgãos do sistema judicial paulista, o menos amigável à investigação foi a magistratura. O formato em que as informações são prestadas afronta resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e dificulta o manejo dos dados. A pesquisadora valeu-se do orçamento aprovado e do órgão de controle da magistratura para se aproximar da caixa preta da toga paulista.</div>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
Na Alesp, presidida durante a maior parte do período pesquisado por um parlamentar <strong style="margin: 0px; padding: 0px;">egresso do MP (Fernando Capez)</strong>, encontrou um fundo especial de despesas do TJ lá aprovado e destinado ao custeio de penduricalhos como auxílio alimentação, creche e funeral. Em relatório do CNJ identificou que a despesa média mensal com magistrados na Justiça estadual em 2015 foi de R$ 45.906,00.</div>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
Às dificuldades enfrentadas, contrapôs acórdão do ex-ministro do STF, Carlos Ayres Britto: “A publicidade é o preço que se paga pela opção por uma carreira pública no seio de um Estado republicano. A prevalência do princípio da publicidade administrativa outra coisa não é senão um dos mais altaneiros modos de concretizar a República enquanto forma de governo”.<br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Os dados de que dispunha, no entanto, lhe foram suficientes para concluir que a remuneração das carreiras judiciais em São Paulo é superior à média federal e à de cinco países europeus: França, Alemanha, Portugal, Espanha e Suécia.</div>
<blockquote style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: url("/wp-content/themes/pub/under-the-influence/images/quote.png"); background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: no-repeat; background-size: initial; color: #666666; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 15px 30px 0px 10px; min-height: 30px; padding: 0px 0px 0px 40px;">
<div style="margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px;">
<span style="color: black; margin: 0px; padding: 0px;"><em style="margin: 0px; padding: 0px;">No Ministério Público, por exemplo, o rendimento médio anual dos procuradores paulistas em 2015 foi de € 157.130 (com férias e 13º), € 30 mil a mais que o dos procuradores federais e o dobro do valor nominal dos salários da carreira congênere na Alemanha. <strong style="margin: 0px; padding: 0px;">Os defensores paulistas, com um rendimento médio anual de € 95.239 euros (com férias e 13º), deixam para trás os congêneres alemães e suecos</strong>.</em></span></div>
</blockquote>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
Os achados convergem com estudos que mostram o Judiciário brasileiro com um gasto médio por habitante (€ 94,2) superior ao da Suécia (€ 66,7), Itália (€ 50), Portugal (€ 43,2), Inglaterra (€ 42,2) e mais de três vezes aquele registrado na Espanha (€ 27). O mesmo acontece com o Ministério Público, com uma proporção de gastos per capita 15 vezes superior àquela da Alemanha e da Espanha, cinco vezes maior que em Portugal e três vezes ao registrado na Itália. <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Luciana_Zaffalon" rel="noopener" style="border-bottom: 1px dotted rgb(102, 102, 102); color: #333333; display: inline; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none; transition: color 0.3s;" target="_blank">Luciana</a> fez 15 entrevistas em busca de explicações, com defensores, juízes e procuradores. Esbarrou, no entanto, na negativa do presidente do Tribunal de Justiça do Estado à época de sua pesquisa, Renato Nalini. Valeu-se de artigo em que o magistrado reclama da condição de pedinte do Executivo e defende as despesas do TJ reputando-o como a maior Corte judicial do planeta, argumento que não explica a dimensão do gasto per capita. Baseou-se ainda em entrevista concedida a um programa de televisão em que Nalini inclui, como justificativa para os adicionais, desde o desconto do IR até a necessidade de se vestir bem: <em style="margin: 0px; padding: 0px;">“Hoje o juiz brasileiro ganha bem, mas tem 27% de desconto de imposto de renda, tem que pagar plano de saúde, tem que <strong style="margin: 0px; padding: 0px;">comprar terno e não dá para ir toda hora a Miami para comprar terno</strong>, a cada dia da semana ele tem que usar um terno diferente, uma camisa razoável, um sapato decente, tem que ter um carro” </em>(link<a href="https://blogdoafr.com/2014/11/09/presidente-do-tj-quer-reajuste-a-alimentacao-dos-magistrados/" style="border-bottom: 1px dotted rgb(102, 102, 102); color: #333333; display: inline; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none; transition: color 0.3s;"> aqui</a>)<em style="margin: 0px; padding: 0px;">.</em></div>
<blockquote style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: url("/wp-content/themes/pub/under-the-influence/images/quote.png"); background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: no-repeat; background-size: initial; color: #666666; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 15px 30px 0px 10px; min-height: 30px; padding: 0px 0px 0px 40px;">
<div style="margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px;">
<span style="color: black; margin: 0px; padding: 0px;"><em style="margin: 0px; padding: 0px;"><strong style="margin: 0px; padding: 0px;">Com inaudita franqueza, o magistrado atribuiu a afronta ao teto constitucional à necessidade de evitar a depressão dos juízes</strong>: “Espera-se que a Justiça, que personifica uma expressão da soberania, esteja apresentável e há muito tempo não há reajuste do subsídio, então o auxílio moradia foi um disfarce para aumentar um pouquinho e até para fazer com que o juiz fique um pouco mais animado, não tenha tanta depressão, tanta síndrome do pânico, tanto AVC. A população precisa entender isso”.</em></span></div>
</blockquote>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
O outro lado da expressão da soberania judicial é explicitada no destrinchamento dos 15 processos relacionados ao sistema penitenciário que chegaram ao TJ e foram analisados na tese. Desses, 13 foram suspensos, em atendimento aos interesses do governo do Estado. Versavam sobre medidas para sanar a superlotação na Fundação Casa (a antiga Febem), em presídios e na carceragem de distritos policiais em todo o Estado, além da requisição de médicos e dos já mencionados chuveiros elétricos. Em todas as decisões, o TJ alegou que os gastos necessários para atender os pedidos embaraçariam a gestão pública.</div>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
A simbiose se completa com a omissão do MP paulista em relação à violência policial, que em 2015 resultou em 2,3 mortes por dia, e à grande proporção de prisões em flagrante, cerca de 70% do total efetuado no Estado. Inquéritos capengas que aceitam policiais como testemunhas levam ao arquivamento de mais de 90% dos processos que questionam os procedimentos. Um Judiciário aristocratizado, conclui, atua como protagonista na segurança pública e referenda o direito como território da força do Executivo, em detrimento da cidadania, com o beneplácito do Legislativo.</div>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
Além dos procuradores que comandam a Segurança Pública há duas décadas, o modus operandi da carreira já ditou as cartas na Secretaria de Governo (Marcio Elias Rosa) e hoje ocupa a Secretaria da Educação. <strong style="margin: 0px; padding: 0px;">A gestão de Renato Nalini foi responsável pela reforma que levou à ocupação das escolas estaduais no ano passado</strong>.</div>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;">A aliança precede a chegada dos tucanos no poder. O PMDB ocupava o Palácio dos Bandeirantes com um titular egresso do MP (Luiz Antonio Fleury Filho) no massacre do Carandiru</strong>. Depois do estrago, um procurador do Estado, Michel Temer, seria indicado para comandar a Segurança Pública, sinal de que o consórcio dos Poderes antecede o PSDB, dá gênese à aliança com o PMDB e se nacionaliza.</div>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px;">
Fonte: Valor Econômico</div>
<div style="color: #333333; font-family: "Lucida Grande", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 10px 0px; outline: none; padding: 0px;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;">*</strong> <em style="margin: 0px; padding: 0px;">Jornalista do Valor</em> | mcristina.fernandes@<span class="skimlinks-unlinked" style="margin: 0px; padding: 0px;">valor.com.b</span></div>
</div>
</div>
</div>
</div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-15135154640617599902018-03-20T18:52:00.000-03:002018-03-20T18:52:00.175-03:00A GRANDE CARTA AOS BRASILEIROS<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="article-header" style="display: table; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: center; width: 749.6px;">
<h3 style="color: #134f5c; display: table-cell; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 20px; font-weight: normal; margin: 0px; padding: 0px 40px 0px 0px; position: relative; vertical-align: middle; width: 669.6px;">
Passaram-se quarenta anos, e tudo faz parecer que foi ontem...</h3>
</div>
<div class="article-content entry-content" itemprop="articleBody" style="clear: both; line-height: 1.4; margin: 10px auto 5px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div dir="ltr" style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: left;" trbidi="on">
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; padding: 4px; text-align: center;"><tbody>
<tr><td><a href="https://4.bp.blogspot.com/-RnTsOackvcQ/WYnMCQ3u04I/AAAAAAAATn0/L4j4S0MY36cw1osorDRMmnG0DfvaVCzmACLcBGAs/s1600/goffredo%2Bsilva%2Bteles%2Bby%2Bpedro%2Bmartinelli_veja.jpg" imageanchor="1" style="color: #009eb8; display: inline; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; margin-left: auto; margin-right: auto; outline: none; text-decoration-line: none; transition: color 0.3s;"><img border="0" data-original-height="984" data-original-width="1500" src="https://4.bp.blogspot.com/-RnTsOackvcQ/WYnMCQ3u04I/AAAAAAAATn0/L4j4S0MY36cw1osorDRMmnG0DfvaVCzmACLcBGAs/s1600/goffredo%2Bsilva%2Bteles%2Bby%2Bpedro%2Bmartinelli_veja.jpg" style="-webkit-border-image: url("data:image/png; border: 9px none; box-sizing: border-box; display: inline-block; margin: 10px auto; max-width: 100%; padding: 8px; position: relative;" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption"><span style="font-size: x-small;">Goffredo Telles Júnior faz a leitura da Carta aos Brasileiros, no páteo das arcadas da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo - 8 de agosto de 1977 (foto - Pedro Martinelli - Veja)</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Por <b>Antonio Fernando Pinheiro Pedro</b></span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Foi em 8 de agosto de 1977. </span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Advogados, estudantes, parlamentares, magistrados, líderes sindicais e representantes da maçonaria, reuniram-se em torno do Professor Goffredo da Silva Telles Júnior para ouvir a leitura de um manifesto, uma carta dirigida aos brasileiros, reivindicando o retorno do Estado de Direito no Brasil e o fim do regime de exceção. </span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">"Fiquemos apenas com o essencial. O que queremos é ordem. Somos contrários a qualquer tipo de subversão. Mas a ordem que queremos é a ordem do Estado de Direito", reforçava o professor emérito em sua carta. </span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Eu estava lá. Era um secundarista que iria prestar o vestibular naquele ano e ingressar nas arcadas do Largo de São Francisco no ano seguinte, onde aprenderia do próprio Professor Goffredo que "não existe desordem. Desordem é a ordem que não nos convém." </span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">1977 foi um ano importante na minha vida e de muitos amigos próximos. Participávamos das manifestações, sistematicamente reprimidas pela polícia, em prol das liberdades democráticas. Na coreografia das manifestações, entre bravatas dos dirigentes do governo, a repressão dos agentes de segurança, passeatas e fugas empreendidas pelas ruas, quando éramos dispersados pela tropa de choque, aprendíamos a lidar com o Poder na prática e a perceber que autoridade era algo que não se impunha e, sim, requeria legitimidade para ser reconhecida. </span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Por isso mesmo, o termo "ordem", aposto na carta, tinha um significado para muito além do proselitismo. Era a afirmação de um movimento, com efeito material, que deveria evitar a entropia política, a desordem e o desfazimento da República. </span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Aliás, este é o sentido da democracia pluralista e republicana. A capacidade compreender que a crise representa oportunidade de renovação, que o respeito às diferenças permite a contínua mobilização e que as ideias só podem se traduzir em progresso civilizatório se continuamente submetidas ao crivo crítico de posições diversas. </span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">O Estado de Direito é uma ordem. Confere a possibilidade de seguir os caminhos ditados dentro das regras democráticas e republicanas - assumir obrigações e gozar dos direitos exercendo a cidadania, sem subverter a ordem pública. Não há segurança e desenvolvimento sem que haja democracia, pluralismo e cidadania. </span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Esses são os conceitos contidos na Carta aos Brasileiros, que completa neste 8 de agosto de 2017 QUARENTA ANOS DE VIDA e continua nova como se Goffredo a tivesse lido ontem... </span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">De fato, o manifesto brandia contra a subversão. Aquela mesma que servia de pretexto á repressão do regime militar e que hoje contamina o debate político, aparelha instituições e divide nossa sociedade em castas que chafurdam na pobreza de ideias e princípios. </span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">A Carta aos Brasileiros desnudava o discurso falacioso dos objetivos de "Ordem, Segurança e Desenvolvimento", só obtidos às custas da liberdade. No entanto, lideranças à esquerda e à direita, desmemoriadas, pregam hoje a supressão das liberdades civis como se estas obstruíssem a conquista daqueles objetivos.</span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Goffredo, ao destacar que “o Poder Constituinte pertence ao Povo, e ao Povo somente”, não dá espaço para que bolivarianos idiotas ou tergiversadores de plantão distorçam, hoje, o sentido da frase, e confundam o que entendem por "regular" com o moral e o legítimo.</span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">De fato, em meio à mediocridade nacional que hoje nos assalta, e que levaria o Professor Goffredo Telles Júnior a ser seguramente vaiado por chusmas de militontos que hoje poluem as próprias vetustas arcadas, mais do que nunca é preciso resgatar a Carta aos Brasileiros - um marco da inteligência contra a barbárie, em prol da democracia brasileira.<br /><br />A Carta aos Brasileiros foi lida nas arcadas do Largo de São Francisco. Eu estava lá, e acredito que o Brasil ainda lá esteja...</span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Segue o texto integral do manifesto: </span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; padding: 4px; text-align: center;"><tbody>
<tr><td><a href="http://3.bp.blogspot.com/-MTXfCoblYo0/WYnLypnxPJI/AAAAAAAATnw/ovFNJANwZowozw_hpqb4vJDNKk6Pg8rOwCK4BGAYYCw/s1600/gofredo%2B-%2Bhelio%2Bcampo%2Bmello.jpg" imageanchor="1" style="color: #009eb8; display: inline; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; margin-left: auto; margin-right: auto; outline: none; text-decoration-line: none; transition: color 0.3s;"><img border="0" height="425" src="https://3.bp.blogspot.com/-MTXfCoblYo0/WYnLypnxPJI/AAAAAAAATnw/ovFNJANwZowozw_hpqb4vJDNKk6Pg8rOwCK4BGAYYCw/s640/gofredo%2B-%2Bhelio%2Bcampo%2Bmello.jpg" style="-webkit-border-image: url("data:image/png; border: 9px none; box-sizing: border-box; display: inline-block; height: auto; margin: 10px auto; max-width: 100%; padding: 8px; position: relative;" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption"><span style="font-size: x-small;">Leitura da Carta aos Brasileiros - 8 de agosto de 1977 (foto - Campo Mello - OESP)</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<b><i><span style="font-size: large;">Carta aos Brasileiros </span></i></b></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Das Arcadas do Largo de São Francisco, do Território Livre da Academia de Direito de São Paulo, dirigimos, a todos os brasileiros esta Mensagem de Aniversário, que é a Proclamação de Princípios de nossas convicções políticas.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Na qualidade de herdeiros do patrimônio recebido de nossos maiores, ao ensejo do Sesquicentenário dos Cursos Jurídicos no Brasil, queremos dar o testemunho, para as gerações futuras, de que os ideais do Estado de Direito, apesar da conjuntura da hora presente, vivem e atuam, hoje como ontem, no espírito vigilante da nacionalidade.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Queremos dizer, sobretudo aos moços, que nós aqui estamos e aqui permanecemos, decididos, como sempre, a lutar pelos Direitos Humanos, contra a opressão de todas as ditaduras.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Nossa fidelidade de hoje aos princípios basilares da Democracia é a mesma que sempre existiu à sombra das Arcadas: fidelidade indefectível e operante, que escreveu as Páginas da Liberdade, na História do Brasil.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Estamos certos de que esta Carta exprime o pensamento comum de nossa imensa e poderosa Família, da Família formada, durante um século e meio, na Academia do Largo de São Francisco, na Faculdade de Direito de Olinda e Recife, e nas outras grandes Faculdades de Direito do Brasil. Família indestrutível, espalhada por todos os rincões da Pátria, e da qual já saíram, na vigência de Constituições democráticas, dezessete Presidentes da República. </span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">1. O Legal e o Legítimo</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Deixemos de lado o que não é essencial.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">O que aqui diremos não tem a pretensão de constituir novidade. Para evitar interpretações errôneas, nem sequer nos vamos referir a certas conquistas sociais do mundo moderno. Deliberadamente, nada mais diremos do que aquilo que, de uma ou outra maneira, vem sendo ensinado, ano após ano, nos cursos normais das Faculdades de Direito. E não transporemos os limites do campo científico de nossa competência.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Partimos de uma distinção necessária. Distinguimos entre o legal e o legítimo.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Toda lei é legal, obviamente. Mas nem toda lei é legítima. Sustentamos que só é legítima a lei provinda de fonte legítima.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Das leis, a fonte legítima primária é a comunidade a que as leis dizem respeito; é o Povo ao qual elas interessam comunidade e Povo em cujo seio as idéias das leis germinam, como produtos naturais das exigências da vida.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Os dados sociais, as contingências históricas da coletividade, as contradições entre o dever teórico e o comportamento efetivo, a média das aspirações e das repulsas populares, os anseios dominantes do Povo, tudo isto, em conjunto, é que constitui o manancial de onde brotam normas espontâneas de convivência, originais intentos de ordenação, às vezes usos e costumes, que irão inspirar a obra do legislador.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Das forças mesológicas, dos fatores reais, imperantes na comunidade, é que emerge a alma dos mandamentos que o legislador, na forja parlamentar, modela em termos de leis legítimas.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">A fonte legítima secundária das leis é o próprio legislador, ou o conjunto dos legisladores de que se compõem os órgãos legislativos do Estado. Mas o legislador e os órgãos legislativos somente são fontes legítimas das leis enquanto forem representantes autorizados da comunidade, vozes oficiais do Povo, que é a fonte primária das leis.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">O único outorgante de poderes legislativos é o Povo. Somente o Povo tem competência para escolher seus representantes. Somente os Representantes do Povo são legisladores legítimos.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">A escolha legítima dos legisladores só se pode fazer pelos processos fixados pelo Povo em sua Lei Magna , por ele também elaborada, e que é a Constituição.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Consideramos ilegítimas as leis não nascidas do seio da coletividade, não confeccionadas em conformidade com os processos prefixados pelos Representantes do Povo, mas baixadas de cima, como carga descida na ponta de um cabo.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Afirmamos, portanto, que há uma ordem jurídica legítima e uma ordem jurídica ilegítima. A ordem imposta , vinda de cima para baixo, é ordem ilegítima . Ela é ilegítima porque, antes de mais nada, ilegítima é a sua origem. Somente é legítima a ordem que nasce , que tem raízes, que brota da própria vida, no seio do Povo.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Imposta, a ordem é violência. Às vezes, em certos momentos de convulsão social, apresenta-se como remédio de urgência. Mas, em regra, é medicação que não pode ser usada por tempo dilatado, porque acaba acarretando males piores do que os causados pela doença.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">2. A Ordem, o Poder e a Força</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Estamos convictos de que há um senso leviano e um senso grave da ordem.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">O senso leviano da ordem é o dos que se supõem imbuídos da ciência do bem e do mal, conhecedores predestinados do que deve e do que não deve ser feito, proprietários absolutos da verdade, ditadores soberanos do comportamento humano.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">O senso grave da ordem é o dos que abraçam os projetos resultantes do entrechoque livre das opiniões, das lutas fecundas entre idéias e tendências, nas quais nenhuma autoridade se sobrepõe às Leis e ao Direito.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Ninguém se iluda. A ordem social justa não pode ser gerada pela pretensão de governantes prepotentes. A fonte genuína da ordem não é a Força, mas o Poder.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">O Poder, a que nos referimos, não é o Poder da Força, mas um Poder de persuasão.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Sustentamos que o Poder Legítimo é o que se funda naquele senso grave da ordem, naqueles projetos de organização social, nascidos do embate das convicções e que passam a preponderar na coletividade e a ser aceitos pela consciência comum do Povo, como os melhores.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">O Governo, com o senso grave da ordem, é um Governo cheio de Poder. Sua legitimidade reside no prestígio popular de quase todos os seus projetos. Sua autoridade se apóia no consenso da maioria.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Nisto é que está a razão da obediência voluntária do Povo aos Governos legítimos.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Denunciamos como ilegítimo todo Governo fundado na Força. Legítimo somente o é o Governo que for órgão do Poder.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Ilegítimo é o Governo cheio de Força e vazio de Poder.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">A nós nos repugna a teoria de que o Poder não é mais do que a Força. Para nossa consciência jurídica, o Poder é produto do consenso popular e a Força um mero instrumento do Governo.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Não negamos a utilidade de tal instrumento. Mas o que afirmamos é que a Força é somente útil na qualidade de meio , para assegurar o respeito pela ordem jurídica vigente e não para subvertê-la ou para impor reformas na Constituição.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">A Força é um meio de que se utiliza o Governo fiel aos projetos do Povo. Desgraçadamente, também a utiliza o Governo infiel. O Governo fiel a utiliza a serviço do Poder. O Governo infiel, a serviço do arbítrio.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Reconhecemos que o Chefe do Governo é o mais alto funcionário nos quadros administrativos da Nação. Mas negamos que ele seja o mais alto Poder de um País. Acima dele, reina o Poder de uma Idéia: reina o Poder das convicções que inspiram as </span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">linhas mestras da Política nacional. Reina o senso grave da Ordem, que se acha definido na Constituição.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">3. A Soberania da Constituição</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Proclamamos a soberania da Constituição.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Sustentamos que nenhum ato legislativo pode ser tido como lei superior à Constituição.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Uma lei só é válida se a sua elaboração obedeceu aos preceitos constitucionais, que regulam o processo legislativo. Ela só é válida se, em seu mérito, suas disposições não se opõem ao pensamento da Constituição.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Aliás, uma lei inconstitucional é lei precária e efêmera, porque só é lei enquanto sua inconstitucionalidade não for declarada pelo Poder Judiciário. Ela não é propriamente lei, mas apenas uma camuflagem da lei. No conflito entre ela e a Constituição, o que cumpre, propriamente, não é fazer prevalecer a Constituição, mas é dar pela nulidade da lei inconstitucional. Embora não seja razoável considerá-la inexistente, uma vez que a lei existe como objeto do julgamento que a declara inconstitucional, ela não tem, em verdade, a dignidade de uma verdadeira lei.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Queremos consignar aqui um simples mas fundamental princípio. Da conformidade de todas as leis com o espírito e a letra da Constituição dependem a unidade e coerência do sistema jurídico nacional.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Observamos que a Constituição também é uma lei. Mas é a Lei Magna. O que, antes de tudo, a distingue nitidamente das outras leis é que sua elaboração e seu mérito não se submetem a disposições de nenhuma lei superior a ela. Aliás, não podemos admitir como legítima lei nenhuma que lhe seja superior. Entretanto, sendo lei, a Constituição há de ter, também, sua fonte legítima.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Afirmamos que a fonte legítima da Constituição é o Povo.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">4. O Poder Constituinte</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Costuma-se dizer que a Constituição é obra do Poder. Sim, a Constituição é obra do Poder Constituinte. Mas o que se há de acrescentar, imediatamente, é que o Poder Constituinte pertence ao Povo, e ao Povo somente.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Ao Povo é que compete tomar a decisão política funda mental, que irá determinar os lineamentos da paisagem jurídica em que deseja viver.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Assim como a validade das leis depende de sua conformação com os preceitos da Constituição, a legitimidade da Constituição se avalia pela sua adequação às realidades sócioculturais da comunidade para a qual ela é feita.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Disto é que decorre a competência da própria comunidade para decidir sobre o seu regime político; sobre a estrutura de seu Governo e os campos de competência dos órgãos principais de que o Governo se compõe; sobre os processos de designação de seus governantes e legisladores.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Disto, também, é que decorre a competência do Povo para fazer a Declaração dos Direitos Humanos fundamentais, assim como para instituir os meios que os assegurem.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Em conseqüência, sustentamos que somente o Povo, por meio de seus Representantes, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte , ou por meio de uma Revolução vitoriosa, tem competência para elaborar a Constituição; que somente o Povo tem competência para substituir a Constituição vigente por outra, nos casos em que isto se faz necessário.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Sustentamos, igualmente, que só o Povo, por meio de seus Representantes no Parlamento Nacional, tem competência para emendar a Constituição.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">E sustentamos, ainda, que as emendas na Constituição não se podem fazer como se fazem as alterações na legislação ordinária. Na Constituição, as emendas somente se efetuam, quando apresentadas, processadas e aprovadas em conformidade com preceitos especiais, que a própria Constituição há de enunciar, preceitos estes que têm por fim conferir à Lei Magna do Povo uma estabilidade maior do que a das outras leis.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Declaramos ilegítima a Constituição outorgada por autoridade que não seja a Assembléia Nacional Constituinte, com a única exceção daquela que é imediatamente imposta por meio de uma Revolução vitoriosa, realizada com a direta participação do Povo.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Declaramos ilegítimas as emendas na Constituição que não forem feitas pelo Parlamento, com obediência, no encaminhamento, na sua votação e promulgação, a todas as formalidades do rito, que a própria Carta Magna prefixa, em disposições expressas.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Não nos podemos furtar ao dever de advertir que o exercício do Poder Constituinte, por autoridade que não seja o Povo, configura, em qualquer Estado democrático, a prática de usurpação de poder político.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Negamos peremptoriamente a possibilidade de coexistência, num mesmo País, de duas ordens constitucionais legítimas, embora diferentes uma da outra. Se uma ordem é legítima, por ser obra da Assembléia Constituinte do Povo, nenhuma outra ordem, provinda de outra autoridade, pode ser legítima.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Se, ao Poder Executivo fosse facultado reformar a Constituição, ou submetê-la a uma legislação discricionária, a Constituição perderia, precisamente, seu caráter constitucional e passaria a ser um farrapo de papel.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">A um farrapo de papel se reduziria o documento solene, em que a Nação delimita a competência dos órgãos do Governo, para resguardar, zelosamente, de intromissões cerceadoras dos poderes públicos, o campo de atuação da liberdade humana.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">5. O Estado de Direito e o Estado de Fato</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Proclamamos que o Estado legítimo é o Estado de Direito, e que o Estado de Direito é o Estado Constitucional.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">O Estado de Direito é o Estado que se submete ao princípio de que Governos e governantes devem obediência à Constituição.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Bem simples é este princípio, mas luminoso, porque se ergue, como barreira providencial, contra o arbítrio de vetustos e renitentes absolutismos. A ele as instituições políticas das Nações somente chegaram após um longo e acidentado percurso na História da Civilização. Sem exagero, pode dizer-se que a consagração desse princípio representa uma das mais altas conquistas da cultura, na área da Política e da Ciência do Estado.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">O Estado de Direito se caracteriza por três notas essenciais, a saber: por ser obediente ao Direito; por ser guardião dos Direitos; e por ser aberto para as conquistas da cultura jurídica.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">É obediente ao Direito, porque suas funções são as que a Constituição lhe atribui, e porque, ao exercê-las, o Governo não ultrapassa os limites de sua competência.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">É guardião dos Direitos, porque o Estado de Direito é o Estado-Meio, organizado para servir o ser humano, ou seja, para assegurar o exercício das liberdades e dos direitos subjetivos das pessoas.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">E é aberto para as conquistas da cultura jurídica , porque o Estado de Direito é uma democracia, caracterizado pelo regime de representação popular nos órgãos legislativos e, portanto, é um Estado sensível às necessidades de incorporar à legislação as normas tendentes a realizar o ideal de uma Justiça cada vez mais perfeita.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Os outros Estados, os Estados não constitucionais, são os Estados cujo Poder Executivo usurpa o Poder Constituinte. São os Estados cujos chefes tendem a se julgar onipotentes e oniscientes, e que acabam por não respeitar fronteiras para sua competência. São os Estados cujo Governo não tolera crítica e não permite contestação. São os Estados-Fim, com Governos obcecados por sua própria segurança, permanentemente preocupados com sua sobrevivência e continuidade. São Estados opressores, que muitas vezes se caracterizam por seus sistemas de repressão, erguidos contra as livres manifestações da cultura e contra o emprego normal dos meios de defesa dos direitos da personalidade.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Esses Estados se chamam Estados de Fato. Os otimistas lhes dão o nome de Estados de Exceção. Na verdade, são Estados Autoritários, que facilmente descambam para a Ditadura.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Ilegítimos, evidentemente, são tais Estados, porque seu Poder Executivo viola o princípio soberano da obediência dos Governos à Constituição e às leis.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Ilegítimos, em verdade, porque seus Governos não têm Poder, não têm o Poder Legítimo, que definimos no início desta Carta.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Destituídos de Poder Legítimo, os Estados de Fato duram enquanto puderem contar com o apoio de suas forças armadas.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Sustentamos que os Estados de Fato, ou Estados de Exceção, são sistemas subversivos, inimigos da ordem legítima, promotores da violência contra Direitos Subjetivos, porque são Estados contrários ao Estado Constitucional, que é o Estado de Direito, o Estado da Ordem Jurídica.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Nos países adiantados, em que a cultura política já organizou o Estado de Direito, a insólita implantação do Estado de Fato ou de Exceção do Estado em que o Presidente da República volta a ser o monarca lege solutus constitui um violento retrocesso no caminho da cultura.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Uma vez reimplantado o Estado de Fato, a Força torna a governar, destronando o Poder. Então, bens supremos do espírito humano, somente alcançados após árdua caminhada da inteligência, em séculos de História, são simplesmente ignorados. Os valores mais altos da Justiça, os direitos mais sagrados dos homens, os processos mais elementares de defesa do que é de cada um, são vilipendiados, ridicularizados e até ignorados, como se nunca tivessem existido.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">O que os Estados de Fato, Estados Policiais, Estados de Exceção, Sistemas de Força apregoam é que há Direitos que devem ser suprimidos ou cerceados, para tornar possível a consecução dos ideais desses próprios Estados e Sistemas.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Por exemplo, em lugar dos Direitos Humanos, a que se refere a Declaração Universal das Nações Unidas, aprovada em 1948; em lugar do habeas corpus; em lugar do direito dos cidadãos de eleger seus governantes, esses Estados e Sistemas colocam, freqüentemente, o que chamam de Segurança Nacional e Desenvolvimento Econômico.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Com as tenebrosas experiências dos Estados Totalitários europeus, nos quais o lema é, e sempre foi, Segurança e Desenvolvimento, aprendemos uma dura lição. Aprendemos que a Ditadura é o regime, por excelência, da Segurança Nacional e do Desenvolvimento Econômico. O Nazismo, por exemplo, tinha por meta o binômio Segurança e Desenvolvimento. Nele ainda se inspira a ditadura soviética.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Aprendemos definitivamente que, fora do Estado de Direito, o referido binômio pode não passar de uma cilada. Fora do Estado de Direito, a Segurança, com seus órgãos de terror, é o caminho da tortura e do aviltamento humano; e o Desenvolvimento, com o malabarismo de seus cálculos, a preparação para o descalabro econômico, para a miséria e a ruína.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Não nos deixaremos seduzir pelo canto das sereias de quaisquer Estados de Fato, que apregoam a necessidade de Segurança e Desenvolvimento, com o objetivo de conferir legitimidade a seus atos de Força, violadores freqüentes da Ordem Constitucional.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Afirmamos que o binômio Segurança e Desenvolvimento não tem o condão de transformar uma Ditadura numa Democracia, um Estado de Fato num Estado de Direito.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Declaramos falsa a vulgar afirmação de que o Estado de Direito e a Democracia são a sobremesa do desenvolvimento econômico. O que temos verificado, com freqüência, é que desenvolvimentos econômicos se fazem nas mais hediondas ditaduras.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Nenhum País deve esperar por seu desenvolvimento econômico, para depois implantar o Estado de Direito. Advertimos que os Sistemas, nos Estados de Fato, ficarão permanentemente à espera de um maior desenvolvimento econômico, para nunca implantar o Estado de Direito.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Proclamamos que o Estado de Direito é sempre primeiro , porque primeiro estão os direitos e a segurança da pessoa humana. Nenhuma idéia de Segurança Nacional e de Desenvolvimento Econômico prepondera sobre a idéia de que o Estado existe para servir o homem.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Estamos convictos de que a segurança dos direitos da pessoa humana é a primeira providência para garantir o verdadeiro desenvolvimento de uma Nação.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Nós queremos segurança e desenvolvimento. Mas queremos segurança e desenvolvimento dentro do Estado de Direito.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Em meio da treva cultural dos Estados de Fato, a chama acesa da consciência jurídica não cessa de reconhecer que não existem, para Estado nenhum, ideais mais altos do que os da Liberdade e da Justiça.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">6. A Sociedade Civil e o Governo</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">O que dá sentido ao desenvolvimento nacional, o que confere legitimidade às reformas sociais, o que dá autenticidade às renovações do Direito, são as livres manifestações do Povo, em seus órgãos de classe, nos diversos ambientes da vida.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Quem deve propulsionar o desenvolvimento é o Povo organizado, mas livre, porque ele é que tem competência, mais do que ninguém, para defender seus interesses e seus direitos.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Sustentamos que uma Nação desenvolvida é uma Nação que pode manifestar e fazer sentir a sua vontade. É uma Nação com organização popular, com sindicatos autônomos, com centros de debate, com partidos autênticos, com veículos de livre informação. É uma Nação em que o Povo escolhe seus dirigentes, e tem meios de introduzir sua vontade nas deliberações governamentais. É uma Nação em que se acham abertos os amplos e francos canais de comunicação entre a Sociedade Civil e o Governo.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Nos Estados de Fato, esses canais são cortados. Os Governos se encerram em Sistemas fechados, nos quais se instalam os donos do Poder. Esses donos do Poder não são, em verdade, donos do Poder Legítimo: são donos da Força. O que chamam de Poder não é o Poder oriundo do Povo.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">A órbita da política não vai além da área palaciana, reduto aureolado de mistério, hermeticamente trancado para a Sociedade Civil.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Nos Estados de Fato, a Sociedade Civil é banida da vida política da Nação. Pelos chefes do Sistema, a Sociedade Civil é tratada como um confuso conglomerado de ineptos, sem discernimento e sem critério, aventureiros e aproveitadores, incapazes para a vida pública, destituídos de senso moral e de idealismo cívico. Uma multidão de ovelhas negras, que precisa ser continuamente contida e sempre tangida pela inteligência soberana do sábio tutor da Nação.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Nesses Estados, o Poder Executivo, por meio de atos arbitrários, declara a incapacidade da Sociedade Civil, e decreta a sua interdição.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Proclamamos a ilegitimidade de todo sistema político em que fendas ou abismos se abrem entre a Sociedade Civil e o Governo.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Chamamos de Ditadura o regime em que o Governo está separado da Sociedade Civil. Ditadura é o regime em que a Sociedade Civil não elege seus Governantes e não participa do Governo. Ditadura é o regime em que o Governo governa sem o Povo. Ditadura é o regime em que o Poder não vem do Povo. Ditadura é o regime que castiga seus adversários e proíbe a contestação das razões em que ela se procura fundar.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Ditadura é o regime que governa para nós, mas sem nós.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Como cultores da Ciência do Direito e do Estado, nós nos recusamos, de uma vez por todas, a aceitar a falsificação dos conceitos. Para nós a Ditadura se chama Ditadura, e a Democracia se chama Democracia.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Os governantes que dão o nome de Democracia à Ditadura nunca nos enganaram e não nos enganarão. Nós saberemos que eles estarão atirando, sobre os ombros do povo, um manto de irrisão.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">7. Os Valores Soberanos do Homem, Dentro do Estado de Direito</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Neste preciso momento histórico, reassume extraordinária importância a verificação de um fato cósmico. Até o advento do Homem no Universo, a evolução era simples mudança na organização física dos seres. Com o surgimento do Homem, a evolução passou a ser, também, um movimento da consciência.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Seja-nos permitido insistir num truísmo: a evolução do homem é a evolução de sua consciência; e a evolução da consciência é a evolução da cultura.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">A nossa tese é a de que o homem se aperfeiçoa à medida que incorpora valores morais ao seu patrimônio espiritual. Sustentamos que os Estados somente progridem, somente se aprimoram, quando tendem a satisfazer ansiedades do coração humano, assegurando a fruição de valores espirituais, de que a importância da vida individual depende.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Sustentamos que um Estado será tanto mais evoluído quanto mais a ordem reinante consagre e garanta o direito dos cidadãos de serem regidos por uma Constituição soberana, elaborada livremente pelos Representantes do Povo, numa Assembléia Nacional Constituinte; o direito de não ver ninguém jamais submetido a disposições de atos legislativos do Poder Executivo, contrários aos preceitos e ao espírito dessa Constituição; o direito de ter um Governo em que o Poder Legislativo e o Poder Judiciário possam cumprir sua missão com independência, sem medo de represálias e castigos do Poder Executivo; o direito de ter um Poder Executivo limitado pelas normas da Constituição soberana, elaborada pela Assembléia Nacional Constituinte; o direito de escolher, em pleitos democráticos, seus governantes e legisladores; o direito de ser eleito governante ou legislador, e o de ocupar cargos na administração pública; o direito de se fazer ouvir pelos Poderes Públicos, e de introduzir seu pensamento nas decisões do Governo; o direito à liberdade justa, que é o direito de fazer ou de não fazer o que a lei não proíbe; o direito à igualdade perante a lei que é o direito de cada um de receber o que a cada um pertence; o direito à intimidade e à inviolabilidade do domicílio; o direito à propriedade e o de conservá-la; o direito de organizar livremente sindicatos de trabalhadores, para que estes possam lutar em defesa de seus interesses; o direito à presunção de inocência, dos que não forem declarados culpados, em processo regular; o direito de imediata e ampla defesa dos que forem acusados de ter praticado ato ilícito; o direito de não ser preso, fora dos casos previstos em lei; o direito de não ser mantido preso, em regime de incomunicabilidade, fora dos casos da lei; o direito de não ser condenado a nenhuma pena que a lei não haja cominado antes do delito; o direito de nunca ser submetido à tortura, nem a tratamento desumano ou degradante; o direito de pedir a manifestação do Poder Judiciário, sempre que houver interesse legítimo de alguém; o direito irrestrito de impetrar habeas corpus; o direito de ter Juízes e Tribunais independentes, com prerrogativas que os tornem refratários a injunções de qualquer ordem; o direito de ter uma imprensa livre; o direito de fruir das obras de arte e cultura, sem cortes ou restrições; o direito de exprimir o pensamento, sem qualquer censura, ressalvadas as penas legalmente previstas, para os crimes de calúnia, difamação e injúria; o direito de resposta; o direito de reunião e associação.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Tais direitos são valores soberanos. São ideais que inspiram as ordenações jurídicas das nações verdadeiramente civilizadas. São princípios informadores do Estado de Direito.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">Fiquemos apenas com o essencial.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">O que queremos é ordem. Somos contrários a qualquer tipo de subversão. Mas a ordem que queremos é a ordem do Estado de Direito.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;">A consciência jurídica do Brasil quer uma cousa só: o Estado de Direito, já.</span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: large;"><br /></span></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><b><span style="font-size: large;">Goffredo Telles Júnior</span></b></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><b><br /></b></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><b><br /></b></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><b><br /></b></i></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; padding: 4px; text-align: center;"><tbody>
<tr><td><a href="http://1.bp.blogspot.com/-9XeBvULrf2o/WYnE5i7rNtI/AAAAAAAATng/V3k_uWtK4iwVG--vhq_yOF09o5djCIETQCK4BGAYYCw/s1600/Carta%2Baos%2Bbrasileiros%2B-%2Bcarrara-%2Bjoao%2Bgalvao%2Bbarbosa.jpg" imageanchor="1" style="color: #009eb8; display: inline; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; margin-left: auto; margin-right: auto; outline: none; text-decoration-line: none; transition: color 0.3s;"><img border="0" height="441" src="https://1.bp.blogspot.com/-9XeBvULrf2o/WYnE5i7rNtI/AAAAAAAATng/V3k_uWtK4iwVG--vhq_yOF09o5djCIETQCK4BGAYYCw/s640/Carta%2Baos%2Bbrasileiros%2B-%2Bcarrara-%2Bjoao%2Bgalvao%2Bbarbosa.jpg" style="-webkit-border-image: url("data:image/png; border: 9px none; box-sizing: border-box; display: inline-block; height: auto; margin: 10px auto; max-width: 100%; padding: 8px; position: relative;" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption"><span style="font-size: x-small;">Goffredo carregado pelos estudantes até a tribuna livre do Largo de São Francisco, em frente à Faculdade de Direito, no dia 8 de agosto de 1977 - na foto, à direita, Ricardo Carrara Neto e João Galvão Barbosa (abaixo do braço do professor... bem distante, o que parece ser este subscritor... de óculos com lentes fotocromáticas...)</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><b><br /></b></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><b><br /></b></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><b>Publicado originalmente no Blog The Eagle View </b></i></div>
<div style="margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><b><br /></b></i></div>
<div style="background-color: #fafafa; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">
<span style="font-family: arial, tahoma, helvetica, freesans, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span><span style="font-family: arial, tahoma, helvetica, freesans, sans-serif; font-size: 14px;"></span><span style="font-size: 14px;"></span><br style="font-size: 14px;" /><div class="separator" style="clear: both; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-9aRsDhmZX4g/WRzanAfHMeI/AAAAAAAATLo/MfjKLHCtdF4vhgRvNtx0cfau-2TsY9xJgCLcB/s1600/closetired.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; color: #009eb8; display: inline; float: left; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; outline: none; text-decoration-line: none; transition: color 0.3s;"><img border="0" height="320" src="https://3.bp.blogspot.com/-9aRsDhmZX4g/WRzanAfHMeI/AAAAAAAATLo/MfjKLHCtdF4vhgRvNtx0cfau-2TsY9xJgCLcB/s320/closetired.jpg" style="-webkit-border-image: url("data:image/png; border: 9px none; border: 9px none; border: 9px none; border: 9px none; border: 9px none; border: 9px none; border: 9px none; box-sizing: border-box; box-sizing: border-box; box-sizing: border-box; box-sizing: border-box; box-sizing: border-box; box-sizing: border-box; box-sizing: border-box; display: inline-block; display: inline-block; display: inline-block; display: inline-block; display: inline-block; display: inline-block; display: inline-block; height: auto; height: auto; height: auto; height: auto; height: auto; height: auto; height: auto; margin: 10px auto; margin: 10px auto; margin: 10px auto; margin: 10px auto; margin: 10px auto; margin: 10px auto; margin: 10px auto; max-width: 100%; max-width: 100%; max-width: 100%; max-width: 100%; max-width: 100%; max-width: 100%; max-width: 100%; padding: 8px; padding: 8px; padding: 8px; padding: 8px; padding: 8px; padding: 8px; padding: 8px; position: relative; position: relative; position: relative; position: relative; position: relative; position: relative; position: relative;" width="235" /></a></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, "Times New Roman", "Bitstream Charter", Times, serif; font-size: 16px; line-height: 21.8182px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, "Times New Roman", "Bitstream Charter", Times, serif; font-size: 16px; line-height: 21.8182px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, "Times New Roman", "Bitstream Charter", Times, serif; font-size: 14px; line-height: 21.8182px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><b><br /></b></span></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, "Times New Roman", "Bitstream Charter", Times, serif; line-height: 21.8182px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<b>Antonio Fernando Pinheiro Pedro</b> é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e das Comissões de Política Criminal e Infraestrutura da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/SP. É Vice-Presidente da Associação Paulista de imprensa - API, Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.</div>
<div style="font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
</div>
</div>
</div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-14751158446981107422014-02-20T12:05:00.000-03:002014-02-20T12:05:00.528-03:00FUNAI na mira da Câmara Federal<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Por Antônio Fernando Pinheiro Pedro</span></em></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Um conflito histórico: Terras indígenas e licenciamento ambiental…</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">De há muito, a proximidade desses termos significa confusão. No centro do incêndio, soprando a brasa, está a FUNAI.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Não compete à FUNAI licenciar empreendimentos de impacto ambiental. No entanto é de sua prerrogativa manifestar-se no bojo do licenciamento quando os impactos abrangerem áreas indígenas.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Ao Congresso Nacional, no entanto, compete autorizar aproveitamento hídrico, exploração mineral ou uso de potencial energético em terras indígenas, como determina o art. 231 da Constituição Federal. Assim, a FUNAI tem permanecido, por conta de suas atribuições legais estipuladas no Estatuto do Índio (Lei Federal 6.001/1973), num limbo institucional pouco confortável.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Assim é que a FUNAI, a pretexto de centralizar sua intervenção nos processos de licenciamento ambiental envolvendo interesses indígenas, e visando reduzir o nível dos atritos experimentados no trato com as agências ambientais, baixou a Instrução Normativa 1/12 – disciplinando sua intervenção no processo de licenciamento ambiental de empreendimentos.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">No entanto, contrariando as expectativas, a Instrução Normativa da FUNAI, embora concentrasse o núcleo procedimental e ordenasse as ações e medidas no bojo da sua jurisdição, gerou praticamente um processo de análise conclusivo, paralelo ao processo sob jurisdição do órgão ambiental competente, no qual deveria apenas opinar.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Essa bifurcação de atribuições tem gerado toda sorte de incômodos, em especial no âmbito do Governo Federal, revelando descontrole administrativo e falta de autoridade sobre a autarquia. Com isso, o licenciamento ambiental de empreendimentos públicos e privados encontra-se travado, em especial os relacionados ao desenvolvimento de projetos de energia (geração, transmissão e distribuição), transporte, e agronegócios. Em algumas regiões de comunidades indígenas, segundo fontes do próprio governo, há um jogo de desinformação perigoso, que distorce a “palavra final” atribuída às lideranças indígenas, sem levar em conta interesses nacionais.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O fato é que grandes e pequenos empreendimentos afetos a terras indígenas, acabam se perdendo em discussões, gerando conflitos e até mortes. A radicalização é simples de entender: de um lado, “a luta pelo direito à preservação e manutenção das terras e cultura indígenas” e, do outro, “os interesses de grandes empreendedores” – Desenvolvimento em bases sustentáveis e atrelados aos interesses nacionais… nem pensar.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Não é por outro motivo que tramita, na Câmara dos Deputados, o Projeto de Decreto Legislativo – PDC 1300/2013, de autoria do Deputado Nilson Leitão (PSDB/MT), que visa SUSTAR a Instrução Normativa 1/12 da FUNAI.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O autor do projeto, em sua justificativa, denuncia dispositivos da IN 1/12 que exigem do “Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), ou de empreiteiras o repasse de vultosas quantias para lideranças indígenas e ONG’s ligadas à causa”, com isso impedindo a implantação de infraestrutura essencial para o País. Alega também, o autor do projeto, que muitas ações compensatórias previstas nos estudos da FUNAI, no bojo dos processos de licenciamento ambiental, não condizem com o impacto da obra a ser realizada. Denuncia o Deputado, assim, estar a FUNAI impulsionada por interesses econômicos, distorcendo princípios da Administração Pública e provocando distorções no âmbito do domínio da economia.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Conforme o PDC 1300/13, as centenas (mais de 800) de ações necessárias, ao atendimento da Instrução Normativa 1/12, inviabilizam, em termos orçamentários, tanto as obras governamentais no campo social, energético, de logística e de transporte, quanto empreendimentos privados. Além da morosidade e atrasos nas autorizações para início ou continuidade dos empreendimentos, os impasses geram insatisfação nas terras indígenas e também no entorno, acirrando conflitos sociais.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A Instrução Normativa 1/12 da FUNAI, é fato, extrapola os limites de um mero ato regulatório. Ela define “princípios “, norteadores da análise dos licenciamentos e da participação dos povos indígenas e seus representantes, tudo a título de preservar cultura e interesses autônomos. Assim, o projeto do Deputado Nilson Leitão, ao pretender a sustação dos efeitos da Instrução, atrai, “por princípio”, a ira de fundamentalistas de toda ordem.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O projeto está sendo analisado pelas comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, de Direitos Humanos e Minorias e de Constituição, Justiça e de Cidadania, todas da Câmara Federal. O Relator Designado é o Deputado Ricardo Trípoli (PSDB-SP), que, embora do mesmo partido do proponente, possui uma relação que já oscilou do amor ao ódio com a militância ambientalista.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Após apreciado nas comissões, o Projeto será discutido e votado pelo Plenário.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Novos conflitos à vista, com certeza.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Publicado no portal Última Instância em 19 de fevereiro de 2014.</span></em></div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-46741553991872651082014-02-18T11:01:00.001-03:002014-02-18T11:01:44.207-03:00Pinheiro Pedro participa de reunião na OAB/SP.<div style="background-color: white; color: grey; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Fernando Pinheiro Pedro participa de reunião na Comissão de Infraestrutura, Logística e Desenvolvimento Sustentável na OAB/SP dia 17/02/14, às 18h00.</div>
<div style="background-color: white; color: grey; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Estiveram presentes com o advogado, o Secretário do Meio Ambiente do Estado, Bruno Covas, o Presidente do TRF – SP, Desembargador Newton de Lucca, o Cmte. da Polícia Ambiental do Estado de SP, Cel. Nomura, o Diretor do Depto. de Meio Ambiente da FIESP, Nelson Pereira dos Reis, e os Conselheiros da OAB/SP. Na presidencia o Dr. Carlos Maluf Sanseverino.</div>
<div style="background-color: white; color: grey; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Serviço:</div>
<div style="background-color: white; color: grey; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
OAB/SP</div>
<div style="background-color: white; color: grey; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Praça da Sé, 385 – Plenário dos Conselheiros – 2º Andar.</div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-22908034287399785612014-02-18T10:32:00.004-03:002014-02-18T10:32:51.450-03:00Alunos do curso de Gestão Ambiental do Senac terão palestra de Pinheiro Pedro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" /></a></div>
<br />
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">No dia 12 março, os alunos de pós graduação em Gestão Ambiental do SENAC Jabaquara, em São Paulo, assistirão uma palestra do colunista do <b style="margin: 0px; padding: 0px;"><i style="margin: 0px; padding: 0px;">Última Instância</i></b>, Fernando Pinheiro Pedro. A apresentação terá o tema “Desafio e Oportunidades na Consultoria Ambiental”.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">“O mercado de trabalho na área ambiental está se ampliando em função do aperfeiçoamento da legislação e maior complexidade das atividades econômicas”, diz Pinheiro Pedro.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Membro da Comissão de Direito Ambiental do IAB (Instituto dos Advogados Brasileiros) e do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, ele é sócio do Escritório Pinheiro Pedro Advogados.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Publicado no portal Última Instância em 14 de fevereiro de 2014.</span></em></div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-85181274035186041182014-02-12T15:45:00.000-02:002014-02-12T15:45:08.851-02:00Pinheiro Pedro realiza palestra no Curso de Gestão Ambiental no Senac Jabaquara (SP)<div style="border: none; color: #4d4d4d; font-family: Thahoma, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
O advogado Antônio Fernando Pinheiro Pedro realizará palestra para os alunos de pós graduação em Gestão Ambiental do SENAC Jabaquara(SP), sobre Desafio e Oportunidades na Consultoria Ambiental, no dia 12 de março.</div>
<div style="border: none; color: #4d4d4d; font-family: Thahoma, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
“O mercado de trabalho na área ambiental está se ampliando em função do aperfeiçoamento da legislação e maior complexidade das atividades econômicas”, relata o advogado.</div>
<div style="border: none; color: #4d4d4d; font-family: Thahoma, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Serviço</strong></div>
<div style="border: none; color: #4d4d4d; font-family: Thahoma, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Senac Jabaquara</div>
<div style="border: none; color: #4d4d4d; font-family: Thahoma, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Av. do Café, 298 – Jabaquara<br style="border: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;" />São Paulo – SP<br style="border: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;" />CEP: 04311-000<br style="border: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;" />Telefone: (11) 2146-9150<br style="border: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;" />Fax: (11) 2146-9550<br style="border: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;" />E-mail: <a href="mailto:jabaquara@sp.senac.br" style="border: none; color: #4d4d4d; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">jabaquara@sp.senac.br</a></div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-80471188271791860182014-02-12T15:32:00.004-02:002014-02-12T15:32:46.639-02:00O Direito de Infraestrutura – uma abordagem conceitual<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" /></a></div>
<br />
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Por Antônio Fernando Pinheiro Pedro</span></em></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Nós, brasileiros, percebemos que o bonde da história está mais uma vez partindo. E não estamos nele ainda, porque não possuímos infraestrutura suficiente para embarcarmos.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Sentimos o desamparo em relação aos deveres do Estado brasileiro para com a infraestrutura.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Há, na verdade, desconhecimento conceitual e funcional da Administração Pública, quanto à necessária tutela legal à infraestrutura.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O objetivo dessas breves notas, portanto, é delinear o DIREITO DE INFRAESTRUTURA, de forma sucinta e objetiva.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Infraestrutura é essencial à nova Economia Verde</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Em seu Relatório Sobre a Economia Verde, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, informa da necessidade de se investir 2% do PIB global por ano (equivalente a US$ 1,3 trilhão) em dez setores-chave, entre 2012 e 2050, para iniciar a transição do sistema atual para a chamada economia de baixo carbono e eficiência de recursos.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Os setores-chave apontados pela ONU são: agricultura, edificações, energia, pesca, silvicultura, indústria, turismo, transporte, água e gestão de resíduos.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Desses dez setores, água, energia, transporte e gestão de resíduos são setores clássicos de infraestrutura, sendo os seis restantes umbilicalmente ligados àqueles.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O Relatório adverte, ainda, que os investimentos só serão eficazes se estimulados por reformas políticas nacionais e internacionais.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A primeira reforma a ser considerada, nesse sentido, é a do reposicionamento estratégico e legal da infraestrutura nacional, como bem jurídico a ser priorizado e protegido, essencial à própria transição para a nova Economia.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Definição de Infraestrutura</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Infraestrutura é o quadro de elementos que suportam a estrutura que molda o desenvolvimento humano, social e econômico de um país, região ou território, afirma a soberania e provê o bem estar da população.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">São elementos estruturantes:</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">a) Saneamento Básico (tratamento e abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta, destinação e disposição final de resíduos);</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">b) Energia (geração, transmissão e distribuição);</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">c) Logística e transporte (rodovias, ferrovias, hidrovias, aerovias, dutos de transporte de carga, minério, combustíveis, modais, portos, centros de distribuição e armazenagem);</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">d) Telecomunicações (redes e equipamentos de geração, transmissão e repetição, sistemas de telefonia, televisão e rádio);</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">e) Tecnologia da Informação (broadcast, redes de geração, transmissão, armazenamento e monitoramento de dados).</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Essa conjunção de elementos estruturantes constitui elemento essencial para o exercício da soberania. Nenhum Estado é soberano se não possuir infraestrutura e gestão sobre a mesma.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Como um esqueleto no corpo da economia, a infraestrutura é a contrapartida humana para o equilíbrio ambiental – conferindo suporte às atividades humanas que integram essa dinâmica.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Por conseguinte, a infraestrutura é condição essencial para o Desenvolvimento Sustentável.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Infraestrutura é um direito humano</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Sendo elemento essencial para o exercício da soberania do Estado, a infraestrutura guarda intrínseca funcionalidade social. Mais que isso, o conjunto de elementos estruturantes constitui ferramenta para que o Estado garanta ao cidadão o exercício dos seus direitos fundamentais. Senão vejamos:</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">1. Direito de comunicar-se e ter acesso à informação;</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">2. Direito à dignidade, ao bem estar e à segurança;</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">3. Direito à proteção contra eventos adversos, ao conforto térmico e à iluminação;</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">4. Direito à saúde, à higiene, à boa conservação dos alimentos, dos remédios, etc.;</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">5. Direito à mobilidade, poder ir e vir, deslocar pessoas e bens;</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">6. Direito ao saneamento básico – água, esgoto tratado, destinação correta dos resíduos;</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">7. Direito a ter acesso a bens e serviços, ter como fazer chegar à sua mesa os alimentos.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Os elementos estruturantes encontram-se, por outro lado, vinculados aos bens e serviços que integram o rol dos bens de consumo essenciais à população, sendo destes indissociáveis.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Assim, a infraestrutura não só cumpre sua função de suportar a implementação dos direitos e garantias fundamentais à cidadania, como é, ela mesma, condição para execução, em benefício desta, dos demais serviços essenciais e do acesso aos bens de consumo necessários à sua qualidade de vida.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Suporte à ordem econômica e social do Estado, a infraestrutura ocorre em função de dois fatores decisórios de suma importância para o controle territorial e ambiental preventivo: o planejamento econômico integrado e o ordenamento territorial.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A infraestrutura é INDUTORA quando PLANEJADA para atender materialmente à decisão política de transformar, modificar, alterar região determinada, mudar o aspecto geográfico, provocar adensamento populacional, introduzir novo arranjo produtivo, alterar radicalmente condições econômicas adversas.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Nesse caso, a infraestrutura terá o condão de provocar reordenamento territorial e este, de forma alguma será considerado externalidade, pois é o próprio objeto pretendido.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A infraestrutura é PROVEDORA quando implantada visando atender DEMANDA PREEXISTENTE, considerado o ordenamento territorial (ou seu descontrole), necessidades de consumo elementares, carência econômica, social, reorganização de área impactada por um desastre natural, etc.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Em ambos os casos, o pressuposto da essencialidade estará presente e, com este, o pressuposto do interesse público.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">De fato, o momento para discussão sobre a utilidade pública de uma obra de infraestrutura está circunscrito ao momento da decisão política de planejá-la ou com ela prover alguma necessidade. Daí porque os conflitos decorrentes da oposição à instalação de um elemento estruturante, em sede de interesse difusos, não se resolve jamais de forma satisfatória se a decisão política do Estado, em relação à obra, não estiver adrede adotada e não for firme e justificada.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Os pressupostos de essencialidade e interesse público, portanto, devem ser considerados em favor dos elementos estruturantes. Seus efeitos legais, incluso para efeito de resolução de conflito de normas e valoração do interesse prevalente, possuem efeito ex nunc, a partir da decisão política justificada, por sua implantação.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">A gestão da infraestrutura ocorre no Ambiente de Regulação</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O Estado Regulador sucedeu o vetusto Estado Provedor, em função da evolução dos Estados modernos.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O Estado regulador apresenta um maior controle social sobre os aparelhos de Estado, ao mesmo tempo em que, paradoxalmente, propicia maior controle público sobre a atividade privada na gestão dos elementos estruturantes.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O Estado Regulador, portanto, não se confunde com o vetusto Estado “Gendarme”, liberal, das priscas eras do capitalismo industrial. O neoliberalismo, nesse sentido, é uma falácia.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O segredo do Estado Regulador, por outro lado, está no Planejamento Estratégico e no Controle Partilhado das atividades de Gestão pelo Poder Público, coletividade e empreendedor.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A gestão da infraestrutura pelo Poder Público, pode se dar por meio funcional dedicado (departamento, secretaria ou ministério), incrustado na Administração Direta ou por instrumento funcional jurisdicionado, especializado (autarquia – fundação, empresa ou agência), da Administração Pública Indireta.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Parcerias Público-Privadas têm se revelado a melhor saída para a gestão concessionada, patrocinada ou administrativa, na implantação e operação dos elementos estruturantes.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A PPP se faz estratégica face ao ônus financeiro ocasionado por um empreendimento de infraestrutura, devendo os custeio abranger a implantação, manutenção, ampliação e eventual descomissionamento do projeto.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">A Avaliação Ambiental Estratégica</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Planejada ou ordenada, a infraestrutura afeta interesses difusos, sendo, portanto, intrinsecamente conflituosa.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A AAE, é a melhor ferramenta para antecipar conflitos e conferir sustentabilidade ao projeto estruturante.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A AAE é o instrumento justificador do projeto de infraestrutura, visto sob a perspectiva do macroplanejamento, da implantação de programa governamental.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A AAE delineia o cenário (screening) permitindo um melhor diagnóstico das circunstâncias que envolvem a infraestrutura em tela.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A AAE define o escopo do projeto, evitando perda de energia e inúmeros conflitos com relação à funcionalidade ambiental, social e econômica do plano estruturante em causa.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Nesse sentido, é característica da AAE identificar os pontos críticos de decisão (PCD), racionalizando-os para balizar o processo decisório. Traça, por outro lado, os mecanismos de mitigação e compensação a serem considerados na execução do macroprojeto.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Com isso, condiciona o sistema de licenciamento, evitando conflitos tipo “go – no go” para cada obra estruturante, em especial quando integradas a uma rede de obras visando o mesmo fim.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A Avaliação Ambiental Estratégica, portanto, é instituto umbilicalmente ligado ao Direito de Infraestrutura, merecendo arcabouço legal dedicado num Estado que pretende se afirmar soberano.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Conclusão</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O Direito de Infraestrutura perpassa a Ordem Econômica e Social – relacionando-se com o Direito Econômico, com o planejamento e o desenvolvimento. Perpassa o Direito Ambiental, constituindo a contrapartida humana à sustentabilidade ambiental, sem a qual não há desenvolvimento (sem mencionar os instrumentos de avaliação ambiental, bastante complexos, para empreendimentos complexos em meios igualmente complexos – algo típico de um projeto dessa natureza).</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O Direito de Infraestrutura perpassa o Direito Público, pois tem vínculo umbilical com o Estado, o planejamento governamental e o ambiente de regulação. Perpassa o Direito do Consumidor, pois açambarca absolutamente todos os bens e serviços considerados essenciais.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Relaciona-se, ademais, com o direito administrativo (gestão), direito agrário (produção, ocupação, mudança de uso do solo, escoamento), direito urbanístico (impactos estruturantes no meio urbano) e direitos sociais (regime de trabalho, emprego e renda).</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Base conceitual, portanto, não falta para que se defina um direito de infraestrutura.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O Brasil necessita de uma disciplina que tutele de forma integrada o conjunto de elementos estruturantes que confira sustentabilidade ao seu desenvolvimento e afirme sua soberania.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Os elementos estruturantes, afinal, constituem verdadeiras obras de arte, frutos da constante criatividade do ser humano, são caros ao interesse nacional e essenciais ao bem estar da população.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Publicado no portal Última Instância em 11 de fevereiro de 2014.</span></em></div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-49009885063123749752014-02-07T18:42:00.001-02:002014-02-07T18:42:29.081-02:00Lei Anticorrupção pode frear terceirização no Brasil<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/conjur.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/conjur.jpg" /></a></div>
<div style="background-color: white; color: grey; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><br /></em></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Por Marcos de Vasconcelos</span></em></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A nova Lei Anticorrupção poderá frear as terceirizações de alguns setores da economia no Brasil. Isso porque, ao ser responsabilizada diretamente por quaisquer atos de corrupção que a beneficiaram, a empresa passa a ter mais interesse em trazer para dentro da organização os prestadores de serviço e funcionários terceirizados que lidam com o poder público, licitações e dinheiro, como despachantes, representantes comerciais, contadores e consultores.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Tema central da Justiça do Trabalho atualmente, a terceirização ainda será muito debatida em 2014 pelo Judiciário. Os limites do que pode e o que não pode ser terceirizado variam no entendimento dos tribunais, mas, em geral, a linha que se tem seguido é a da atividade-fim. Ou seja, o principal negócio da empresa não pode ser terceirizado. Atividades como a contadoria ou de despachante não estão, normalmente, nesse grupo, mas geram riscos à empresas se não foram controladas de perto.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
</div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A ideia é que a cultura do “jeitinho brasileiro” é difícil de mudar. O despachante acostumado a pagar a chamada “taxa de urgência” — ou seja, a propina para que um serviço burocrático seja executado, ou uma licença concedida — provavelmente será mais facilmente treinado ou controlado se estiver dentro da empresa. Lá, por exemplo, ele estará sujeito à <em style="margin: 0px; padding: 0px;">hotline</em> — linha interna para que funcionários denunciem à empresa atitudes que podem ser vistas como corrupção.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O movimento de internalizar prestadores de serviço já começou, afirma <span style="margin: 0px; padding: 0px;">Maria Sylvia de Toledo Ridolfo</span>, sócia do Miguel Neto Advogados, que atua na área de compliance. Segundo ela, alguns clientes já foram ao escritório dizer que estão fazendo isso para evitar problemas com a nova Lei Anticorrupção. A advogada cita os exemplos de companhias que lidam com muitas licitações e serviços de exportação e importação, que têm de adaptar uma estrutura maior para levar os terceirizados para dentro da empresa. “De qualquer forma encarece, pois os custos trabalhistas são altos, além da necessidade de mais espaço físico.”</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O movimento de “desterceirização” ainda é lento porque os empresários estão esperando “para ver se a lei vai pegar”, explica <span style="margin: 0px; padding: 0px;">Rafael Lara Martins</span>, sócio do escritório Rodovalho Advogados. Com o passar do tempo, diz Martins, deve acontecer com mais frequência.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Isso deve acontecer, na visão dele, porque ao implantar sistemas de maior controle de terceirizados, forçando-os a participar de reuniões e treinamentos necessários ao compliance, pode-se configurar a subordinação. “Acaba colocando em risco a estratégia da companhia, que, ao terceirizar e subordinar, fica em xeque”, pontua.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
</div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Sem contratar</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Já <span style="margin: 0px; padding: 0px;">Antenor Madruga</span>, do Feldens Madruga, acha que é exagero supor que a terceirização sofrerá algum freio por conta da Lei 12.846/2013. A norma realmente impõe responsabilidade objetiva da empresa pelos atos de terceiros feitos em beneficio da companhia, mas, diz ele, isso leva apenas a um maior controle. Madruga cita como exemplo os Estados Unidos: “Há leis similares [à nova Lei Anticorrupção] e uma terceirização maior do que no Brasil”.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Opinião semelhante à de Madruga tem <strong style="margin: 0px; padding: 0px;">Fernando Pinheiro Pedro</strong>, para quem contratar os terceirizados como funcionários seria um problema para o mercado, principalmente no caso dos representantes comerciais. “Tira um papel importante de um homem que tem uma pasta para representar várias empresas e passará, de repente, a representar uma só”, diz.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Na opinião do sócio do Pinheiro Pedro Advogados, a contratação como celetista seria uma forma “preguiçosa” de controle da atividade da empresa. O que deve ser feito, diz, é um sistema de relatório por atividade, com planilhas, e demonstração do custeio da operação comercial, para não deixar dúvidas quanto a excedentes para propina. “Receber esse problema verticalizando relação comercial e a transformando em trabalhista desequilibra a economia”, afirma.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A Lei Anticorrupção (12.846/2013) entrou em vigor no último dia 29 de janeiro e permite a aplicação de multas de até 20% sobre o faturamento anual bruto de uma empresa envolvida em corrupção. A responsabilização objetiva de empresas envolvidas em infrações representa uma das principais novidades da norma.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><strong style="margin: 0px; padding: 0px;">Revista Consultor Jurídico</strong>, 07 de fevereiro de 2014.</span></div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-68729097649739841582014-02-06T16:48:00.003-02:002014-02-06T16:48:20.374-02:00Brasil tenta repatriar Pizzolato<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/breconomico.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/breconomico.jpg" /></a></div>
<br />
06/2/2014<br />
<br />
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que o governo brasileiro pedirá a extradição do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil (BB), Henrique Pizzolato, tão logo a Polícia Federal confirme oficialmente a prisão do ex-diretor. De acordo com a Polícia Federal do Brasil, Pizzolato foi detido ontem em Maranello, no Norte da Itália—por ter utilizado ilegalmente o passaporte de seu irmão, Celso Pizzolato (já falecido), numa operação conjunta coma polícia federal italiana.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O ex-diretor do BB, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no processo do mensalão (Ação Penal 470), a 12 anos e sete meses de prisão—pelos crimes de lavagem de dinheiro, peculato e formação de quadrilha — estava foragido desde novembro. Ele deixou o Brasil através do Paraguai, usando documentos falsos, e refugiou-se na Itália, valendo-se do fato de ter nacionalidade italiana.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">“É nosso dever e assim o faremos”, disse o ministro Cardozo, sobre o pedido formal de extradição. “Comunicaremos a prisão ao Supremo Tribunal Federal e tomaremos todas as providências”, acrescentou. Pizzolato integrava uma lista de procurados da Interpol em mais de 190 países. O Brasil possui tratado de extradição com a Itália, mas a entrega do ex-dirigente do BB à Justiça brasileira pelas autoridades italianas pode ser complicada pela recente decisão do Brasil de não extraditar o ex-militante Italiano Cesare Battisti—condenado à prisão perpétua em seu país por quatro assassinatos quando fazia parte do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC).</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">De acordo com o advogado e professor Luiz Fernando Kuyven, especialista em Direito Internacional da Universidade Presbiteriana Mackenzie, “embora a Itália tenha se esforçado nos últimos anos para provar aos seus colegas europeus que é imparcial em matéria de extradição, não se pode descartar uma repercussão política do caso Battisti sobre o caso Pizzolato”. Segundo ele, a Itália poderá reafirmar sua soberania “determinando que o condenado seja julgado novamente de acordo comas leis italianas, mais rígidas que as brasileiras”. “O fato de um novo crime ter sido cometido, a falsidade ideológica, poderá ser usado para confirmar a jurisdição italiana sobre todos os crimes pratica dos por Pizzolato, inclusive aqueles praticados no Brasil”.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O advogado criminalista e ex-consultor do Instituto das Nações Unidas para o Crime Intrarregional (Unicri),Antonio Fernando Pinheiro Pedro, acha que a extradição de Pizzolato é amparada pela lei italiana. Segundo ele, a constituição da Itália, em seu artigo 26, prevê a extradição em casos “expressamente previstos em convenções internacionais”. E os crimes que levaram Pizzolato à condenação no Brasil estão previstos na Convenção das Nações Unidas Contra Corrupção de 2005. “Assim, é perfeitamente possível a extradição, pois não há dispositivo constitucional na Itália que condicione isso a qualquer tipo de reciprocidade”, diz Pinheiro Pedro.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A advogada e professora de Direito Internacional da USP Maristela Basso também não vê empecilhos legais para o retorno de Pizzolato: “O Tratado de Extradição que o Brasil tem com a Itália determina a obrigação de extradição de qualquer pessoa. A simples razão de Pizzolato ter a cidadania italiana não impede sua extradição para o Brasil. Os mecanismos de cooperação judiciária internacional são, hoje, extremamente eficazes e crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação e quadrilha, entre outros, dificilmente ficam impunes”. <b style="margin: 0px; padding: 0px;">comABr eReuters</b></span></div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-67657570635575259822014-02-05T15:16:00.002-02:002014-02-05T15:16:26.096-02:00A poluição ambiental do crime organizado – o lixo da máfia napolitana<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" /></a></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></em></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Por Antônio Fernando Pinheiro Pedro</span></em></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">O Triângulo da Morte</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Agentes da Divisão Investigativa Antimáfia e autoridades do sistema de controle ambiental de Nápoles prospectaram o norte da província em busca de barris de lixo tóxico enterrados na região.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Dois membros da organização criminosa Camorra, presos e convertidos a informantes, apontaram locais de descarte clandestino de resíduos tóxicos, numa área conhecida como Triângulo da Morte. A região ganhara o apelido por conta do número significativo de casos de câncer na população.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A agência ambiental italiana estima que 10 milhões de toneladas de lixo tóxico foram ilegalmente enterradas desde o começo dos anos 90, gerando bilhões de dólares de lucro para a Máfia. Estes resíduos contaminaram o solo e a água.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Legislação eficaz faz toda a diferença</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Toda as ações, por incrível que possa parecer, foram amplamente documentadas. No entanto, a disparidade de normas ambientais italianas não permitia um combate mais eficaz ao fenômeno, o que só se tornou possível com a consolidação da legislação no ano de 2006, entrando em vigor o Código Ambiental que sistematizou procedimentos e competências entre as autoridades locais e nacionais.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A máfia napolitana domina tradicionalmente o negócio do lixo em Nápoles e, de há muito, vem enfrentando sucessivos governos que intentam moralizar a coleta e a disposição final de resíduos na região.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Greves de coletores e catadores, patrocinadas pela Camorra, já fizeram a região se afogar em lixo, várias vezes, sendo a última, no ano de 2013, decisiva para a implantação de sistema adequado à normativa europeia de destinação adequada dos resíduos, com instalação de aterro sanitário concessionado pelo governo e consequente desativação dos lixões controlados pela máfia.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O fato é que a recente modernização das leis ambientais italianas, par e passo com a consolidação das reformas constitucionais e institucionais que conferiram extraordinária força ás unidades de combate ao crime organizado – estas a partir do final dos anos 80, abriram uma nova frente de combate contra a máfia, atingindo-a no coração de sua estrutura de lavagem de dinheiro e conexão com a Administração Pública: o lixo.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Graças a essa interação de normas, foi possível usar o sistema de barganha penal para gerar criminosos “arrependidos” que contribuíram decisivamente na geração de provas e indícios de um horrendo crime ambiental – sensibilizando o sistema de justiça italiano para a profunda correlação entre o negócio da poluição e a criminalidade organizada no país.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">A tragédia humana e ambiental</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O “Triangulo da Morte” concentrava o descarte de lixo administrado pela máfia, e sua gravidade tornou-se evidente com a queima de resíduos, que deu à região um outro apelido, “Terra dos Incêndios”.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">“O ambiente aqui está envenenado”, disse o cardiologista Alfredo Mazza, que detectou um crescimento alarmante da ocorrência de câncer na região já num estudo de 2004, publicado no Lancet. “É impossível limpar tudo. A área é muito vasta. Estamos vivendo em cima de uma bomba”.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Em recente matéria, o site Planeta Sustentável relata que um grupo de mães italianas protestou no início de 2014, em frente ao palácio do governo em Roma, pela morte de suas crianças. Um padre da região de Nápoles, Maurizio Patriciello, as acompanhou na manifestação.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Elas viajaram para a capital como representantes de cerca de 150 mil mães que enviaram ao presidente italiano cartões postais com as fotos de crianças atingidas pelo câncer, na espera de que o governo dê um fim aos crimes ambientais cometidos em sua região há décadas.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A cultura mafiosa, que já gerava bailes funkies na região de Nápoles, foi definitivamente abalada por conta de uma causa realmente cara à juventude e à população em geral, a defesa da saúde e do ambiente.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Cai assim, a máscara “social” do crime organizado napolitano, que deixa de ser um benemérito lixeiro da sociedade italiana para revelar-se um monstro poluidor e homicida, responsável pela deterioração do meio ambiente e da saúde de milhares de inocentes pelas próximas gerações.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O casamento do lixo com o crime também ocorre aqui.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A relação do crime organizado com o lixo já era conhecida nas américas.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Nos EUA, os Lucchese de Nova York – New Jersey, dominavam os aterros até que o combate ao crime organizado nos EUA, a partir dos anos 60, levou a família (o que sobrou dela) a migrar suas atividades clandestinas para uma estrutura legalizada e ambientalmente correta – uma moralização propiciada, em especial, por conta da interação entre forças policiais, receita e fiscalização ambiental.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Na Colômbia, a partir de Bogotá, o grande trabalho de moralização começou justamente com o saneamento do meio, se estabelecendo o fechamento dos lixões dominados pelo cartel do tráfico de drogas, substituídos por aterros devidamente concessionados à iniciativa privada, sob controle de agência do governo.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Está na hora do Brasil acordar para o fenômeno, pois evidente o domínio dos pontos de descarte clandestino de lixo, bota-foras de construção civil e descarte irregular de lixo tóxico por agentes do crime organizado acobertados por funcionários públicos corruptos. Hora da Polícia Federal Brasileira, IBAMA e Receita Federal se inspirarem no que acontece hoje na Itália.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A diferença é que, no nosso caso, LEGISLAÇÃO NÃO FALTA.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">No Brasil, até o presente momento, tirante o regime das grandes concessões e alguns heróis empreendedores lícitos, nesse ramo de coleta e destinação de resíduos, a parte mais limpa do negócio, infelizmente, ainda é o lixo.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Publicado no portal Última Instância em 04 de fevereiro de 2014.</span></em></div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-72514694004713784312014-01-23T12:40:00.004-02:002014-01-23T12:40:59.759-02:00Autonomia e a exigência do plano diretor para pequenos municípios<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" /></a></div>
<br />
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Por Antônio Fernando Pinheiro Pedro</span></em></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Desde a primeira constituição da independência, em 1824, os municípios brasileiros tiveram sua autonomia reconhecida, herdada do período colonial, que conferia às câmaras municipais jurisdição administrativa, sanitária e territorial e, até mesmo, atribuição judiciária.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">As Câmaras Municipais palmilharam cada passo da exploração e interiorização do colonizador português e dos bandeirantes, expandindo nossa fronteira, desde o início do século 16.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Conquistada a independência, a Carta Imperial de 1824 concedia autonomia sem restrições aos municípios, estabelecendo, em seus dispositivos, as linhas mestras de sua organização.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A República, no entanto, pela necessidade de alinhar nossa conformação político-territorial com o modelo republicano norte-americano que inspirara o movimento, interviu fortemente na autonomia dos municípios brasileiros, retirando-lhes capacidade de gerir a justiça, o poder de polícia territorial, o controle sanitário, bem como limitando a ação das câmaras municipais na sua gestão.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">As Constituições da República, de 1891 até o final do período da chamada ditadura militar, em 1985, asseguraram uma relativa autonomia aos municípios, conferindo-lhes competência “peculiar” (por exclusão) para legislar sobre o uso e ocupação do solo. Transferiu-se aos estados federados a iniciativa de legislar sobre a estrutura orgânica municipal.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Com a Nova República e o restabelecimento da democracia, no final dos anos 80 do século passado, os municípios brasileiros, em peso, buscaram o resgate histórico de sua autonomia, o que foi obtido, não sem muita luta e articulação, no ambiente da Assembleia Nacional Constituinte, com a Carta de 1988.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O advento da Constituição de 1988 pôs fim ao quase secular dilema dicotômico federativo. A Carta dispôs os municípios, expressamente, como unidades que compõem a República Federativa do Brasil, indissoluvelmente unidos aos estados e ao Distrito Federal, par e passo com esses entes, todos autônomos, o que jamais havia ocorrido nos diplomas anteriores.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A partir de então se renovou o princípio constitucional da autonomia municipal, determinando a nova Carta que o município será regido por lei orgânica própria, aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, a qual deverá observar os princípios estabelecidos na Constituição Federal e na respectiva Constituição Estadual, possuindo, outrossim, competência legislativa para assuntos de interesse local, além de suplementar a legislação federal e estadual no que couber, e gerir o regime de uso de seu solo, entre outras atribuições.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A autonomia dos municípios está, agora, na base do nosso regime republicano e comparece como um dos mais importantes e transcendentais princípios do nosso Direito Público, constituindo o cerne do Estado Democrático de Direito.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">No entanto, de algum tempo para cá, em especial após o advento do Estatuto da Cidade, Lei Federal 10.257/2001, a autonomia municipal vem sendo posta em risco por setores mais precipitados do Ministério Público Brasileiro, os quais, a pretexto de contribuir com um melhor ordenamento territorial em cidades pequenas, vem exigindo, por meio de recomendações ou no bojo de Termos de Ajuste de Conduta, a feitura de Planos Diretores Participativos, em municípios que sequer contam com habitantes em número equivalente ás laudas do marco legal pretendido…</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A autonomia dos municípios está, agora, na base do nosso regime republicano e comparece como um dos mais importantes e transcendentais princípios do nosso direito público, constituindo o cerne do Estado Democrático de Direito.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">No entanto, de algum tempo para cá, em especial após o advento do Estatuto da Cidade, Lei Federal 10.257/2001, a autonomia municipal vem sendo posta em risco por setores mais precipitados do Ministério Público Brasileiro, os quais, a pretexto de contribuir com um melhor ordenamento territorial em cidades pequenas, vem exigindo, por meio de recomendações ou no bojo de Termos de Ajuste de Conduta, a feitura de Planos Diretores Participativos, em municípios que sequer contam com habitantes em número equivalente ás laudas do marco legal pretendido.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal é obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, É o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana, conforme estabelece o artigo 182 da Constituição Federal.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Embora não haja obrigatoriedade para um município com menos de vinte mil habitantes estabelecer um Plano Diretor, não há proibição para que venha a ter um, desde que assim se entenda necessário no âmbito da organização política e social local.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Por outro lado, isso não autoriza órgão responsável pela fiscalização da lei e tutela dos interesses difusos e coletivos, “obrigar” uma municipalidade a se submeter a um Plano Diretor, pois perfeitamente factível que se proceda ao ordenamento do solo por meio de outros instrumentos legais mais adequados ao tamanho e condição socioeconômica aferidos pela autoridade local.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Assim, se por um lado há a conquista da autonomia municipal, há que se evitar que esta autonomia possa ser engessada por força de exigências apostas num marco legal cujo peso é absolutamente desproporcional à demanda do território ao qual se aplica.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Essa autonomia, por outro lado, também não poderá ser maculada por um entendimento “politicamente correto” ainda que fruto de entendimento mútuo entre governo local e Ministério Público, acordado em termo de ajustamento de conduta ou tenha seu cumprimento “justificado” por mera obediência a uma “recomendação” ministerial. Nesse caso, é perfeitamente legitimada a impugnação de todo o processo, incluso o legislativo, por qualquer cidadão – por meio de Ação Popular, ou mesmo por organização da sociedade civil legitimada a propor Ação Civil Pública.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18.200000762939453px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Publicado no portal Última Instância em 22 de janeiro de 2014.</span></em></div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-70608198981750851032014-01-08T18:11:00.001-02:002014-01-08T18:11:28.850-02:00Morte ao biocentrismo fascista – o retrocesso do avanço<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" /></a></div>
<div style="background-color: white; color: grey; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><br /></em></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Por Antônio Fernando Pinheiro Pedro</span></em></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">A Cultura da Arrogância</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Manifesto grande preocupação com relação à maneira como um número razoável de indivíduos investidos de autoridade tem operado nosso direito e a gestão ambiental no Brasil.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Há um esforço mental no agir desse segmento, que lesa a justiça e distorce o direito, além de comprometer a segurança jurídica e a solidez de instituições públicas importantes para o Estado Brasileiro.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Em nome de um mal orientado “biocentrismo” ou “ecocentrismo”, desenvolvem-se silogismos absurdos, partindo de premissas arbitrárias e visões ideológicas absolutamente dissonantes com a demanda do desenvolvimento nacional e de atendimento às necessidades de nosso povo.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Esse processo de infiltração “biocêntrica” tem produzido um crescente clima de insegurança oficial, permeado por ações espetaculosas que beiram a leviandade, ameaças e acusações de improbidade por mera discordância técnica, apreensões de bens e embargos de obras sem base fática e legal substanciosa, suspensão de procedimentos administrativos ainda inconclusos, intimidações e suspeições generalizadas, disseminadas por declarações rocambolescas e midiáticas, perseguições judiciárias a políticos, cientistas e administradores… tudo isso sem que haja ganho efetivo para o meio ambiente ecologicamente equilibrado.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Via de regra, as ações biocentristas concentram-se numa postura arrogante, radical, unilateral e não raro intransigente na defesa do “ambiente natural”, de “etnias nativas” e na “preservação de bens culturais”, buscando torná-los intocáveis, “imaculados”, desprezando conflitos humanos face ao uso dos recursos ambientais, demandas de ordem social, cultural e econômica, ações humanas inevitavelmente transformadoras do meio e necessárias à inovação e ao desenvolvimento.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Escola de Pequenos Ditadores</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O biocentrismo forma uma escola doutrinária que retira o homem do centro das preocupações da lei ambiental, relevando sua importância quando da aplicação do direito concreto.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Esse deslocamento do ser humano, do núcleo central do direito ambiental, transforma o aplicador da lei em guardião da vida, um Deus, que não irá se preocupar em conferir maior peso na resolução dos conflitos ambientais a um simples e falível ser humano.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Confere o biocentrismo ao operador do direito, ao gestor público, o poder holístico de privilegiar os recursos naturais globais a cada decisão de caráter local, para tanto podendo aqueles descartar direitos, bens e pessoas, incluso o interesse nacional, em nome da “revolta do objeto” (face à degradadora atividade antrópica) e da priorização das coisas que cercam o indivíduo, consideradas “sujeitos de direito”, ainda que formalmente não o sejam…</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Essa escola de pequenos ditadores atua de maneira a envolver os incautos numa cloaca de vaidades intelectuais e carências emocionais reciprocamente estimuladas, confundindo interesse público com mero impulso psicológico de se imiscuir e orientar o comportamento moral alheio e a atividade econômica e social do outro.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Não há, contudo, base constitucional ou ética que autorize essa escola.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Com efeito, o meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo, como expressa nossa Constituição, não se resume apenas ao equilíbrio natural, mas envolve a sadia qualidade de vida da população e, portanto, seus difusos, diversos e plurais anseios de desenvolvimento econômico e social em bases sustentáveis. Essa relação, de natureza humana, é o bem jurídico a ser constitucionalmente tutelado.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Os segmentos biocêntricos distorcem o escopo da nossa humana e humanista Constituição, quando tratam de aplicar o arcabouço legal que tutela o equilíbrio ecológico, e o fazem convictos da sua pureza de propósitos.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Julgam-se os biocêntricos, nesse diapasão, “íntegros”, face à elevação dos seus interesses. Assim, quando protegem os biomas, desconsideram inúmeros casos de propriedades inviabilizadas no seu uso, gerando conflitos e injustiças consideráveis; quando visam a proteção das espécies animais silvestres, desconsideram eventuais relações de afetividade existentes entre o animal apreendido e o responsável pela sua guarda, afetado pela restrição protetiva superveniente, ainda que estivesse o bicho sob aquela guarda por dezenas de anos e bem cuidado; quando visam a proteção das águas e das áreas de proteção permanente, desconsideram milhões de indivíduos moradores nas regiões de mananciais, fundos de vale, encostas de morros que, atingidos pela restrição, não encontram nenhuma saída para resolução de sua demanda de moradia e qualidade de vida. O lema é expresso: amor à natureza e desamor ao próximo.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Justamente essa busca da “pureza” é o fator mais preocupante de todo esse fenômeno.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">A origem platônica de uma conduta fascista</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Na melhor tradição platônica, os biocêntricos agem como que dotados do monopólio da virtude e, portanto, autorizados moralmente a ditar aos demais, logicamente em benefício destes (ainda que não o queiram…), em que bases devem “nascer, viver e morrer”. A pena para a desobediência aos preceitos biocêntricos é o inferno da degradação ambiental.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O dilema biocêntrico é persecutório, inquisidor: ou “o controle”, ou o “caos”; ou o “resgate” do bom selvagem, da natureza intocável, ou o “apocalipse”. No horizonte deste dilema, a visão aterradora do globo em chamas, afetado pelo aquecimento global – como num quadro de Hieronymus Bosch ou Pieter Bruegel (gênios artísticos que expuseram ao ridículo as agruras da Santa Inquisição).</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Biocêntricos costumam “analisar” licenças e autorizações ou “interpretar” leis e tratados, incorporados em espírito como vestais, como oráculos, como “guias geniais dos povos”, iluminados por “gaia”, a mãe terra da qual se sentem os verdadeiros guardiões.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Tutores geniais do “pan-principiologismo”, inventam princípios ou os deformam ao gosto do momento, praticamente transformando o regime baseado no Estado de Direito numa espécie de Sistema Iraniano, em que Aiatolás reinterpretam a norma jurídica de acordo com a iluminação discricionária a eles conferida pela leitura pessoal do livro verde…pouco importando a tripartição dos poderes, o processo legislativo, a coisa julgada.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Essa postura não é inédita. Para não me estender muito, aponto aqui sua origem fascista.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Com efeito, o conjunto de leis de defesa do patrimônio paisagístico natural e da tutela dos animais, elaborado na Alemanha Nazista, utilizava essa mesma forma de raciocínio. Com todo o ufanismo característico da ideologia totalitária, os “jus-ecologistas” do Reich Alemão equipararam animais domésticos aos silvestres, tornaram florestas “patrimônio da nação” e implementaram o que chamavam de “operações etnográficas” de segregação racial e territorial, em prol dos povos com sangue e cultura germânica.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A desumanidade era clara. Essa busca fascista pela pureza do meio, pela saúde e o respeito aos animais (até com regras para criação e transporte de aves, suínos, eqüinos e bovinos), não se estendeu a outros seres racionais, haja vista o trato dispensado pelos nobres “ecologistas” do Reich ao transporte, acomodação e destinação final de judeus, ciganos, dissidentes e outros indivíduos de hábitos raciais e culturais considerados “impuros”.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Os nazistas alemães desenvolveram também, de forma pioneira, leis de restrição ao uso do cigarro nos estabelecimentos públicos e meios de transporte. Hitler, diga-se, além de notório antitabagista, era vegetariano e tinha no seu cão o único e verdadeiro amigo…</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Ironias à parte, num esforço para conferir momentaneamente algum humor à tragédia, anoto que o biocentrismo brasileiro, embora não descure da característica estatolatria fascista e também combata a economia de mercado, difere da origem nacional socialista ao dissociar a preocupação ecológica dos interesses nacionais, criando, com isso, entraves às ações estruturantes do Estado Brasileiro (embora muitos dos seus seguidores não se conscientizem disso).</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Esse direcionamento ideológico, contudo, reafirma sua face ecofascista na medida em que, a pretexto de garantir um ambiente “hígido”, passa o Poder Público, sob a égide biocentrista, a agir de forma progressivamente invasiva, ditando normas de conduta cada vez mais restritivas no uso e gozo da propriedade, no direcionamento técnico e científico de análises e autorizações de empreendimentos, na conduta pessoal, no hábito dos cidadãos e na circulação de bens e serviços.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">A ditadura da caneta</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Verifica-se crescente autoritarismo na forma de se impor aos cidadãos um entendimento unilateral do que seja o bem ambiental a ser legalmente protegido, por regras administrativas, leis discutidas a toque de caixa ou decisões judiciais contraditórias.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Uma vez convencido do que deve tutelar, o estatólatra biocêntrico age sem respeitar entendimentos científicos ou doutrinários diversos, sem considerar situações merecedoras de análise histórica mais acurada ou mesmo realidades materiais muitas vezes já consolidadas.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O ecofascismo biocêntrico permite-se atuar, autuar, investigar e julgar como se a realidade fática não mais importasse e, sim, objetos e condutas idealizados sob a égide do “politicamente correto”. Esse “luminar ideocrático” inverte valores e manipula a vontade popular. Cidadãos, aos quais o Poder Público deveria servir, passam a ser considerados, por seus agentes biocêntricos, seres incapazes racionalmente de escolher o melhor para si próprios; como se pudesse o Estado reduzir o povo a um conjunto de hipossuficientes políticos que necessitasse de um “pai” que tudo soubesse e tudo provesse.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A relativização de direitos e garantias atinge pessoas e empreendimentos, mandatos políticos, cargos públicos e seus ocupantes, cobrindo com o manto do pré-julgamento todo e qualquer indivíduo que não comungue com as premissas “puristas” do segmento biocentrista.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Minha preocupação é maior ainda com a contaminação do biocentrismo nos operadores do direito e gestores públicos que não detêm mandato popular e, estabilizados em suas funções, não se sujeitam ao controle direto da população. Essa contaminação atinge o cerne do estamento burocrático nacional.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Um biocentrista, incrustado num desavisado sistema de tutela ambiental, corre o risco de agir sem limites, em prol de um conceito absolutamente relativo de “precaução e prevenção”, desatento aos aspectos humanos dos conflitos, sem que encontre, na estrutura administrativa à qual está jurisdicionado, sistema eficaz e ágil de correição e controle, eficiente o bastante para interromper os danos que vier a provocar.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Assim é que empreendimentos estratégicos para o desenvolvimento econômico do País acabam desestimulados pela lentidão, pelo volume de exigências administrativas que se engatam como vagões num extenso trem de carga burocrático (muitas vezes descabidas), quando não pela judicialização imprevista dos licenciamentos em curso ou autorizações já concedidas.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Fatores como esses estão, por exemplo, redirecionando o planejamento energético nacional, cuja perda de aproveitabilidade do seu potencial é flagrante e está demonstrada no plano decenal em curso.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A matriz energética brasileira, até então calcada no desenvolvimento de energias limpas e renováveis, notadamente a hídrica, por conta dos enormes entraves no licenciamento e das normas restritivas quanto ao uso do solo, editadas por uma burocracia cada dia mais acossada pelo biocentrismo, está se revertendo ao uso expressivo de energia fóssil – em especial usinas térmicas movidas a carvão e óleo combustível.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A sociedade biocentrista parece fechar os olhos para o enorme potencial hidroenergético ainda inexplorado na região norte do País que, para se viabilizar, paga um altíssimo preço ao reduzir seu próprio potencial instalado – com custos inestimáveis para a futura demanda nacional. Apenas “parece”, pois, na verdade, está empenhada em desarticular qualquer iniciativa de aproveitar o potencial hidroenergético na região…</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">A falaciosa “Proibição de Retrocesso”</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Outro exemplo grave dessa dissonância na aplicação da legislação ambiental é a insistência biocentrista em querer repristinar um Código Florestal desfigurado e remendado, negando validade ao novo marco legal devidamente aprovado pelo parlamento e sancionado pelo executivo.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Recheado de conceitos doutrinários impositivos, apostos sem base científica na sua última versão introduzida por meio de unilateral Medida Provisória, o Código Florestal em vigor não havia sido sequer convertido em lei pelo sistema democrático do processo legislativo parlamentar.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Seguia dessa forma sendo “regulamentado” e “reinterpretado” sem guardar, por razões cronológicas ou pelas disparidades regionais existentes no território nacional, qualquer correspondência com seu objetivo inicial, a ponto de gerar mais discórdia e conflitos na sua implementação que efetiva proteção do nosso patrimônio florestal.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A necessidade de um Código Florestal que respeitasse a realidade, com novas regras condizentes com o atual estágio de desenvolvimento do País, era óbvia. Patente a urgência de um marco legal que atendesse à diversificação de dimensões, às variadas definições técnicas e científicas das áreas de preservação ao longo de rios, nascentes e topos de morro, bem como à manutenção de reservas florestais por meio de mecanismos que busquem satisfazer demandas de proteção ambiental e desenvolvimento.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">É, aliás, o que reza a Declaração da ONU Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. No entanto, isso só poderá ser obtido com o combate duro, firme, constante e corajoso, à praga do ecofascismo biocêntrico que grassa e contamina o debate nacional sobre o tema.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Há significativo crescimento da produção agrícola com inexpressivo aumento das áreas cultivadas, fato oficialmente documentado que denota o crescente desenvolvimento tecnológico empregado pelo setor do agronegócio nos últimos anos.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">No entanto, o persistente ataque ecofascista à agricultura, acobertado pelo manto biocentrista, desvia o foco dos debates.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Segmentos desenvolvimentistas, que têm o setor produtivo nacional como grande aliado, desatentos a essa sutileza ideológica, acabam por conduzir as discussões num ambiente pouco profícuo, poluído por vaidades, ambições, comportamentos midiáticos, que contaminam lideranças políticas e empresariais, administradores públicos e operadores do direito e afastam a população e formadores de opinião efetivamente interessados em atender aos interesses do País.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Em meio a essa celeuma sem perspectivas, surge a “luz” biocentrista do chamado “Princípio da Proibição de Retrocesso”, urdido nos mesmos moldes da Medida Provisória de 2001, que desfigurou totalmente o Código Florestal de 1965.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Como senhores do tempo e das coisas, os biocentristas, decididamente, articularam uma forma de conferir lustro acadêmico ao um mecanismo que lhes permitisse desrespeitar o livre processo legislativo, a autonomia dos poderes da República, e a vontade do povo expressa por meio do mandato popular – refletidos no novo Código Florestal, Lei Federal 12.651/2012, ainda que os resultados não sejam do agrado de todos, ou desagradem a muitos…</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Inconformados com o resultado legislativo, os arautos da regressão preservacionista intentam, então, implementar um inexistente, obtuso, teratológico, reacionário e antirrepublicano “princípio da proibição ao retrocesso ambiental”.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Esse “Princípio de Proibição” ou “Vedação de Retrocesso Ambiental”, é mero exercício de proselitismo reacionário. Trata-se de uma somatória de silogismos que atenta contra a inteligência de qualquer cidadão e revela, sobretudo, uma inconfessável e condenável vontade de sobrepor vaidades pessoais, preferências subjetivas, simpatias ideológicas, neofascismos e ecologismos de ocasião ao verdadeiro e legítimo Interesse Público. É um acinte à democracia e ao Estado de Direito.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Negam, agora, “por princípio”, os biocentristas, o caráter dinâmico do equilíbrio ecossistêmico, que envolve todos os elementos biológicos, econômicos, sociais e climáticos, que refogem absolutamente ao domínio do direito (e por isso mesmo devem ser reconhecidos pelo mesmo). Procuram, então, por meio da “proibição do retrocesso”, buscar uma cristalização do meio por meio de silogismos.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Assim, se já é impossível entender o que seja “equilíbrio” numa relação dinâmica, muito mais difícil é aplicar o freio biocêntrico da “proibição de retrocesso” a algo que não se sabe se recua ou avança… Enfim, uma bobagem retorica que envergonha a justiça e deveria ser riscada da doutrina moderna do direito.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">A armadilha dos falsos dilemas</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A legislação ambiental brasileira deve ser aplicada nos moldes humanistas e democráticos, de maneira imparcial e justa. A atual implementação, é fato, levada a cabo em vários setores por biocentristas, não atende à demanda ambiental nacional, não respeita diferenças regionais e não obedece ao regime constitucional na sua essência.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Os biocêntricos retiram o caráter democrático da gestão ambiental e, não raro, fazem uso de outro falso dilema: defender o meio ambiente desumanizando a norma, até para o benefício do homem, ou privilegiar um vetusto egocentrismo antropocêntrico, responsável pela destruição dos recursos ambientais existentes.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Não podemos “cair” nessa armadilha silogística, pois não há humanismo no biocentrismo e repor o homem no centro das preocupações com o Desenvolvimento Sustentável é princípio constante no primeiro mandamento da Declaração de Princípios da Conferência da ONU Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, de 1992.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Conclusão</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Já passou da hora, portanto, de desmascarar o biocentrismo.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Esse esforço deve contar com o concurso de cidadãos livres, agentes econômicos, sociedade civil organizada e todas as lideranças políticas comprometidas com o Brasil.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Urge que a Presidência da República, o Congresso Nacional, o Poder Judiciário, a liderança dos Ministérios Públicos Federal e Estaduais, meios acadêmicos e instituições científicas, atentem para a praga biocêntrica que contamina segmentos do Poder Público. É imperativo que o Estado Brasileiro e a Sociedade Civil organizem esforços para a condução segura da política ambiental brasileira, em prol da sustentabilidade, do desenvolvimento e da democracia.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Separar o joio biocentrista do trigo que alimenta a humanidade, é resgatar o ambientalismo das garras do fascismo e reafirmar o compromisso com o verdadeiro Desenvolvimento Sustentável.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Não há sustentabilidade fora do Estado Democrático de Direito!</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Publicado no portal Última Instância em 07 de janeiro de 2014.</span></em></div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-90045063214834177822013-12-23T12:04:00.000-02:002014-01-06T12:04:52.260-02:00TV Êxito – Pinheiro Pedro no programa “Enfoque Jurídico”<span style="color: #4d4d4d; font-family: Thahoma, sans-serif; font-size: 13px;">Política Nacional de Resíduos Sólidos é o tema da entrevista de Pinheiro Pedro a Ricardo Castilho, no Programa Enfoque Jurídico – TV Êxito. Assistam:</span><br />
<span style="color: #4d4d4d; font-family: Thahoma, sans-serif; font-size: 13px;"><br /></span>
<span style="color: #4d4d4d; font-family: Thahoma, sans-serif; font-size: x-small;"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/0WZqA7s_n-k" width="420"></iframe></span>Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-72294265601900283662013-12-17T14:54:00.002-02:002013-12-17T14:54:19.455-02:00Apontamentos sobre a avaliação ambiental estratégica (3): O que é uma AAE<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" /></a></div>
<div style="background-color: white; color: grey; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><br /></em></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro</span></em></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">1. O que a Avaliação Ambiental Estratégica não é</span></b></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A AAE, não pode ser tratada como um EIA-RIMA com abrangência territorial maior, e nem mesmo seus instrumentos podem se confundir com essa espécie de avaliação de impactos ambientais. O risco que se tem com esse tipo de confusão e gerar maior confusão ainda…</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Já tive a oportunidade de ver “avaliações estratégicas” transformadas em “EIÕES” – enormes, extensos e prolixos EIAs, que, justamente por seguirem os padrões de sempre, e, nada reduziram os conflitos…</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A AAE, também não substitui o PLANEJAMENTO TERRITORIAL, e muito menos se confunde com o ORDENAMENTO TERRITORIAL. Ou seja, há um desperdício enorme de dinheiro público e energias num processo quase diletante de “Avaliação Ambiental Estratégica do Litoral”, “Avaliação Ambiental Estratégica do Pantanal” … quando inexiste uma política pública de planejamento em curso, um programa específico de infraestrutura ou uma política territorial pretendida.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">É preciso ter o que avaliar, para inserção de vetores ambientais. Afinal, do que serve uma avaliação estratégica de um território ou um bioma existente, sem que antes se intente saber o que ali se pretende apor?</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">2. O que é uma Avaliação Ambiental Estratégica?</span></b></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A AAE permite a identificação dos pontos críticos de decisão, envolvendo intersecções entre as esferas política, social, ambiental e econômica.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Esse processo de análise comporta a identificação dos diferentes atores envolvidos no processo de decisão, a eleição dos limites de manutenção e melhoria da qualidade ambiental por meio do desenvolvimento de políticas multissetoriais consistentes e fundamentadas, o estabelecimento dos critérios para o gerenciamento ambiental dos projetos, o cenário ambiental em que as ações estruturantes intervirão e o escopo da intervenção pretendida.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O resultado é a definição de um conjunto de objetivos estratégicos com alto grau de controle público. Isso melhora significativamente a capacidade de implementação de políticas, planos, programas de projetos estruturantes de uma maneira cooperativa e proativa. Ao concentrar os pontos críticos de decisão, estabelecendo os fundamentos estratégicos do empreendimento estruturante, a AAE indica os critérios de resolução dos conflitos e promove a despolitização do licenciamento ambiental, visto que as justificativas, requerimentos e impactos dessas políticas serão melhor compreendidas pelas comunidades afetadas e pela sociedade como um todo, antes da eventual análise de projetos em separado, pelo sistema de licenciamento ambiental.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A Avaliação Ambiental Estratégica INSERE o vetor ambiental e ANTECIPA conflitos, IDENTIFICA os pontos críticos de decisão, e, com isso, FUNDAMENTA a decisão por empreender e como empreender o projeto estruturante.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Integram a AAE (obviamente numa escala muitíssimo diferente de uma análise de licença ambiental), a) o inventário integrado do território a ser abrangido pelas medidas estruturantes, b) o cenário socioambiental, político e econômico, com e sem as medidas propostas, c) as políticas, programas e ações setoriais propostas, d) o objetivo estratégico a ser alcançado, e) meios e recursos para implementação, f) os fundamentos para a adoção da decisão, g) a indicação locacional dos projetos físicos a serem licenciados e h) fundamentos para a tecnologia ou tecnologias a serem empregadas na sua implementação.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Como uma ferramenta de inserção do componente ambiental, por óbvio que a AAE pode determinar alteração de macro critérios de implementação e até mesmo a mudança de Política Pública.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Uma vez formulada pelo órgão ou organismos proponentes do projeto estruturante, a AAE acompanhará o processo seguinte, relativo à realização dos empreendimentos vinculados à sua implementação, perfazendo o cenário e o escopo dos mesmos.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">3. Conclusão</span></b></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Há muito ainda que falar sobre esse interessante instrumento de inserção, identificação, definição e fundamentação ambiental no processo decisório de políticas, planos, programas e projetos públicos estruturantes.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Mas, o que importa, sobretudo, é desde logo evitar que a burocracia e a falta de informações sobre AAE interrompam a progressiva introdução dessa ferramenta no cotidiano da nossa já combalida e estrategicamente mal posicionada Administração Pública.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Publicado no Portal Última Instância em 17 de dezembro de 2013.</span></em></div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-58885776359225981532013-12-10T14:55:00.000-02:002013-12-18T14:55:50.628-02:00Apontamentos sobre a avaliação ambiental estratégica (2): Evolução da AAE e seu caráter público<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
<i><span style="font-family: inherit;">Por Antônio Fernando Pinheiro Pedro</span></i><br />
<i><span style="font-family: inherit;"><br /></span></i>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<b style="border: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: inherit;">1. Breve evolução da Avaliação Ambiental Estratégica</span></b></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">Para atender a essa necessidade, nos últimos trinta anos, instrumentos de avaliação ambiental estratégica (AAE) vêm sendo continuamente aprimorados e adotados gradualmente por dezenas de países.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">As primeiras linhas da Avaliação Ambiental Estratégica – AAE, foram criadas nos Estados Unidos, em 1969 com a implantação do NEPA – National Environmental Policy Act, a Política Nacional do Meio Ambiente norte americana, que impôs às agências e departamentos federais, considerar e avaliar os efeitos ambientais das propostas de legislação e outros projetos de grande magnitude.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">Era tudo, no entanto, muito vago, tanto que em 1978, quase dez anos depois, o Conselho para a Qualidade Ambiental (USCEQ) dos EUA, baixou regulamento com requisitos específicos para a avaliação de programas governamentais. De fato, alguns estados possuem seus próprios planos, como a Califórnia, mas poucas avaliações foram feitas nos EUA.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">Em 1987, a Comissão Mundial para o Ambiente e Desenvolvimento, chamada Comissão Brundtland, firmou a Declaração de Tóquio (WCED, 1987), registrando preocupação em considerar a dimensão ecológica nos processos de decisão das políticas públicas.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">Em 1989, o Banco Mundial adota uma Diretiva interna (D.O. 4.00) sobre Avaliação de Impacto Ambiental, e recomenda a preparação de avaliações ambientais setoriais e regionais para planos, políticas e programas.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">Em 1990, a Comunidade Econômica Europeia lança uma primeira proposta de Diretiva sobre Avaliação Ambiental de PPPs (planos, políticas e programas).</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">Em 1991 a Convenção de Espoo sobre AIA num Contexto Transfronteiriço, promove a aplicação da Avaliação Ambiental de PPPs na Europa. O Comitê de Assistência ao Desenvolvimento da OCDE – uma organização internacional envolvendo aproximadamente 34 países, incentiva, por sua vez, a adoção da AIA de PPP para programas de assistência.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">Em 1992, as Nações Unidas instituem a Agenda 21 (UNCED, 1992), a qual propugna a integração das questões ambientais nos processos de decisão a todos os níveis. A ONU insere na Declaração de Princípios da Conferência do Rio o Princípio 4, que reza que a proteção ambiental deve fazer parte integrante do processo de desenvolvimento, não devendo seguir isolada deste.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">No mesmo ano, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, introduz o Levantamento Ambiental 23 como ferramenta de planejamento integrado.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">Em 2001, a Comissão Europeia aprova a Diretiva Comunitária 2001/42/CE relativa à avaliação dos efeitos de determinados planos e programas no ambiente.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">O Protocolo de Kiev, de 2003, no âmbito da UNECE – Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa, estatuiu que a análise das consequências ambientais deve açambarcar os projetos oficiais de planos e programas, e estabelece que a AAE seja feita antes das tomadas de decisões.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">Em âmbito geral, a maioria dos países da União Europeia segue a Diretiva 2001/42/CE. Alguns países, porém, como França, Reino Unido e Dinamarca, possuem regras próprias. Outros, como a Alemanha, ainda não possuem.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">Afora EUA e Europa, é importante destacarmos a experiência canadense e brasileira.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">No Canadá, em 1990, foi formado o Conselho Diretivo de Avaliação Ambiental Estratégica, que orientou às autoridades federais que planejassem avaliações ambientais previamente ao início das obras, e, quando concluídas, voltassem aquelas para o Conselho, para aprovação. Em 1999, foi feito um guia para implementação do AAE, analisado pela Agência de Avaliação Ambiental do Canadá, ainda muito pouco utilizado.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">No Brasil, a AAE foi regulamentada pelo Estado de São Paulo a partir da Deliberação do CONSEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente, de 29 de dezembro de 1994, que continha minutas de um Projeto de Lei e de um Decreto Estadual, a serem encaminhados ao Governador do Estado, e minutas de duas resoluções para o Secretário de Estado do Meio Ambiente, designando a Comissão de Avaliação Ambiental Estratégica e o procedimento de AAE no âmbito do sistema estadual de meio ambiente.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">Fui o presidente dessa Comissão Especial do CONSEMA, que elaborou a deliberação, e pude testemunhar a hesitação do governo em seguir adiante com a legislação proposta – um momento histórico perdido. No entanto, a deliberação foi implementada pela Secretaria de Meio Ambiente, baixada a Resolução SMA 44/95 a qual foi utilizada para avaliar estrategicamente o Programa Integrado de Transportes Urbanos da Região Metropolitana de São Paulo, o PITU, em 1995 e o RODOANEL Mário Covas, dez anos depois, em 2006.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">Iniciativas de AAE também pulularam em vários estados do Brasil, com destaque para Bahia e Mato Grosso do Sul.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<b style="border: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: inherit;">2. Caráter público da Avaliação Ambiental Estratégica (AAE)</span></b></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">A AAE estrutura-se com ferramentas de planejamento e gerenciamento dedicados aos tomadores públicos de decisão.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">A AAE, portanto, ao contrário do que muito anda se palpitando em nosso país, em especial nas recomendações de promotores de justiça desavisados ou mesmo em alguns estudos de acadêmicos diletantes da causa ambiental, NÃO PODE E NÃO DEVE constituir-se em um apêndice de empreendimentos privados, ainda que de magnitude.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">Não se presta a AAE a justificar shoppings centers, estádios de futebol, terminais de aviação executiva, aterros de resíduos industriais desvinculados de resíduos urbanos de interesse público, campus universitários particulares, usinas de cana de açúcar, resorts, etc….</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit;">Ao contrário da visão europeia do que seja esse instrumento, muito vinculada ao pequeno tamanho das regiões, povoados envolvidos, distritos, a AAE norte-americana, canadense e brasileira, deve ser focada em programas governamentais e políticas relacionadas a concessões de obras públicas, parcerias público privadas, ou autorizações de atividades públicas (como a disposição de terminais portuários autorizados vistos conjuntamente). A disposição territorial programática de aterros sanitários e estações de transbordo, de estações de tratamento de esgoto e de abastecimento de águas, sistemas de aproveitamento hidrelétrico numa determinada bacia, extração minerária estratégica em zonas críticas, etc.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<em style="border: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: inherit;">Publicado no portal Última Instância em 10 de dezembro de 2013.</span></em></div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-47937971473522553692013-12-09T13:21:00.003-02:002013-12-09T13:21:55.348-02:00Canal Rural: Especialistas esclarecem dúvidas de advogados e produtores sobre Novo Código Florestal<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-p7KiL9ssSns/UqXfxY1ZerI/AAAAAAAAAbE/GMxkGSG-4Hw/s1600/logo_horizontal.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-p7KiL9ssSns/UqXfxY1ZerI/AAAAAAAAAbE/GMxkGSG-4Hw/s320/logo_horizontal.png" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<iframe frameborder="0" height="365" scrolling="no" src="http://videos.ruralbr.com.br/canalrural/videonews/54230" width="487"> </iframe>
<br />
<br />
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: inherit;">O Novo Código Florestal ainda é um grande ponto de interrogação para quem tem que cumprir as novas regras e para o Ministério Público, que precisa interpretar as divergências no campo jurídico. Existem três ações de inconstitucionalidade por parte da Procuradoria Geral da União, ajuizadas no Supremo Tribunal Federal (STF). (Exibido em 06/12/2013)</span></span>Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-87720297850592573262013-12-09T10:20:00.001-02:002013-12-09T10:20:36.636-02:00: CETESB suspende licenças da construção de heliponto<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-gmKK02Qtit4/UqW1gekVkvI/AAAAAAAAAa0/9hdalxifzCM/s1600/sbt_logo_2004_bigger.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-gmKK02Qtit4/UqW1gekVkvI/AAAAAAAAAa0/9hdalxifzCM/s200/sbt_logo_2004_bigger.jpg" width="198" /></a></div><span style="font-family: inherit;">06/12/2013</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span> <span style="line-height: 15px;"><span style="font-family: inherit;">A decisão foi comemorada pelos moradores de Osasco, na Grande São Paulo. A CETESB suspendeu todas as licenças ambientais do heliponto, o que deve paralisar as obras. Segundo a Companhia Ambiental, a construção é muito maior que o projeto inicial, que se tratava de uma oficina de helicópteros. Os detalhes na reportagem de Flavia Travassos.</span></span><br />
<span style="line-height: 15px;"><span style="font-family: inherit;"><br />
</span></span> <span style="line-height: 15px;">Clique <a href="http://www.sbt.com.br/jornalismo/noticias/37274/SP:-CETESB-suspende-licencas-da-construcao-de-heliponto.html#.UqW0IfRDttO" target="_blank">aqui</a> para assistir.</span>Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-47193335021671436792013-12-09T10:06:00.004-02:002013-12-09T10:06:30.642-02:00R7: Pinheiro Pedro critica órgãos públicos no caso de contaminação da Lagoa de Carapicuíba<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-WLKeYD_DuXc/UqWxzKJ19vI/AAAAAAAAAao/_-Er3zjQiDE/s1600/r7-logo-do-site.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="168" src="http://4.bp.blogspot.com/-WLKeYD_DuXc/UqWxzKJ19vI/AAAAAAAAAao/_-Er3zjQiDE/s200/r7-logo-do-site.jpg" width="200" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: inherit;">03/12/2013</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="color: #333333; font-family: inherit; line-height: 19px;">O advogado Antônio Fernando Pinheiro Pedro foi convidado para o "Jornal da Record News", com Heródoto Barbeiro, e falou sobre o caso da Lagoa de Carapicuíba. Veja abaixo.</span><br />
<span style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 13px; line-height: 19px;"><br /></span>
<iframe frameborder="0" height="315" marginheight="0" marginwidth="0" scrolling="no" src="http://player.r7.com/video/i/529d34910cf2eed7218aca76?layout=wide252p" width="448"></iframe>
<span style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 13px; line-height: 19px;"><br /></span>
<span style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 13px; line-height: 19px;"><br /></span>Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-12428929424685829102013-12-05T13:18:00.000-02:002013-12-18T14:53:40.517-02:00Apontamentos sobre a avaliação ambiental estratégica (1): Os limites do EIA-RIMA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" /></a></div>
<br />
<div>
<br /></div>
<div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Por Antônio Fernando Pinheiro Pedro</span></em></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<h1 style="border: none; font-weight: normal; line-height: normal; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; text-align: start; vertical-align: baseline;">
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: inherit; font-size: small;">1. O Estudo de Impacto Ambiental tem seus limites</span></strong></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;">O EIA-RIMA – como é chamado o Estudo de Impacto Ambiental e respectivo relatório simplificado (para melhor compreensão popular) – é ferramenta de avaliação de empreendimentos potencialmente poluentes e de significativa magnitude em relação ao meio impactado. Seu processo de análise crítica, de previsão e prevenção, tem a função de evitar impactos ambientais nocivos e irreversíveis, garantir a participação dos segmentos interessados na obra e permitir a busca de meios de mitigação mais eficazes.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;">Por sua natureza técnica, o EIA-RIMA não tem eficácia na resolução de conflitos relacionados a políticas, planos, programas e projetos públicos estruturantes. Executado para avaliar impactos de empreendimentos específicos a serem licenciados, o EIA não determina a decisão política, o planejamento territorial, o programa de ações transformadoras do meio e a sequência de decisões executivas inseridas no bojo dos projetos estratégicos de infraestrutura.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;">A conflituosidade social, econômica e ambiental, imanente à ações estratégicas estruturantes, não é suportada pelo processo de licenciamento instruído com EIA-RIMA. Estradas, hidrelétricas, portos, aterros sanitários, costumam ser o centro de conflitos que transbordam o licenciamento ambiental e desaguam em infinitas disputas judiciais, devido justamente ao equívoco de se buscar a justificação institucional das obras e o equacionamento dos conflitos políticos dentro dos limites técnicos do EIA.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;">Há um vício de origem: o método de avaliação de impacto ambiental de um EIA pressupõe, como cenário, a decisão governamental de permitir a ação estruturante em causa e admite, como escopo, o objetivo social e econômico estabelecido naquela decisão.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;">Reza a norma que o EIA-RIMA deve considerar o cenário ambiental e institucional já posto, planos e programas governamentais já estabelecidos e um ordenamento do solo já determinado. Torna-se, portanto, refém de um cenário pré-existente e delimitado.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;">No caso de projetos de infraestrutura, esse cenário envolve a decisão política pela obra analisada. Não raro, esse conjunto de pressupostos é construído às pressas, ao sabor de interesses de ocasião e concentra os conflitos que resultam em impasses e medidas judiciais.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;">Com o “já decidido” como porto, passa o EIA a navegar nesse mar de conflitos, contaminado por vetores decisórios que ultrapassam seus limites objetivos, legais e técnicos, de avaliação ambiental.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;">E não poderia ser diferente.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: inherit; font-size: small;">2. O EIA é um instrumento técnico</span></strong></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;">O EIA-RIMA não pode propor “alternativas” para políticas governamentais. Essas políticas são definidas, planejadas, autorizadas e concessionadas pelo governo. Em nosso ordenamento constitucional isso é muito claro. Cumpre ao Estado, como expressão da organização política da sociedade, estruturar o desenvolvimento do país de forma social e economicamente justa e ambientalmente adequada. Para esse mister, constituiu um Poder Executivo, comandado por um governo detentor de mandato popular e munido de plano de ação legitimado pelo povo. Constituiu um Poder Legislativo, guardião político da estrutura do Estado e do mandato popular, que produz a Lei e define por meio dela as Políticas Públicas, orçamentos, metas e responsabilidades e constituiu, também, o Judiciário, um Poder técnico – não um poder político, que aplica a lei com justiça, na resolução dos conflitos que se lhe apresentam e tutela a Constituição da República.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;">O EIA deve analisar e avaliar alternativas locacionais e tecnológicas de um empreendimento proposto, inclusive recomendando sua não implantação. Porém não deve e não pode se confundir com os Poderes do Estado e, portanto, não deve pretender alterar linhas definidas pela política governamental já estatuída ou o planejamento setorial aplicado ao projeto em causa, ainda que seja crítico a ele.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;">O EIA-RIMA não possui competência política para tal, e, muito menos recebe essa capacidade que ele não tem, da autoridade que emite a licença ambiental.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;">Na verdade, a implementação de políticas, planos e programas estruturantes deve, necessariamente, incluir o vetor ambiental ainda na fase do planejamento estratégico, na concepção do processo.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: inherit; font-size: small;">Esse exercício de inclusão dos vetores e definição antecipada dos pontos críticos de decisão que deverão nortear as autoridades na fase de implementação das obras, denomina-se Avaliação Ambiental Estratégica, cujo procedimento e foco difere, e muito, do Estudo de Impacto Ambiental.</span></div>
<div style="border: none; margin-bottom: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<em style="border: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: inherit; font-size: small;">Publicado no portal Última Instância em 05 de dezembro de 2013.</span></em></div>
</h1>
</div>
</div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-13811138547362180722013-11-25T16:33:00.001-02:002013-11-25T16:33:48.893-02:00Poluição de Vampiros Digitais: O medíocre “copia-e-cola” nos estudos ambientais<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Por Antônio Fernando Pinheiro Pedro</span></em></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Há uma proliferação de textos de baixa qualidade, técnicos, jurídicos ou acadêmicos, com conteúdo repetitivo e desnecessariamente prolixo. Textos carregados de citações e referências bibliográficas chegam a desfocar seu objeto, tornando-se inconclusos, confusos ou mesmo rocambolescos. Esse show de mediocridades eruditas deve-se, em grande parte, ao que chamo “vampirização digital”.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Ao apertar as teclas “control C” e “control V” do computador, o vampiro digital dá vida a “frankensteins”. Qualquer vampiro digital pega “emprestado” texto de um estudo alheio e trata de inseri-lo em outro. É do instinto vampiresco “chupar” citações, ainda que de nada sirvam para a conclusão da obra. Essa vampirização resulta num “puzzle digital” que substitui a capacitação técnica, extirpando a própria alma do estudo.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Vampiros digitais reconstroem ideias maquiando-as com citações emprestadas, para não citar o verdadeiro autor ou permitir que se identifique em que condições referidas “inspirações” se deram. Vampirizações são formatadas, submetidas a regras acadêmicas, normas da ABNT e até mesmo atestadas.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Se isso ocorre num campo minado como é o meio acadêmico, o que se dirá dos estudos e relatórios gerados no bojo de um Estudo de Impacto Ambiental?</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O nosso Poder Público, é cediço, não mapeia, não planeja e não ordena o território. Isso permite vampirismo quando o assunto é analisar impactos ambientais de um empreendimento. Os vampiros digitais, a título de “agregar conteúdo” ao trabalho de colagem, colam ainda mais. Estudos que deveriam conter no máximo duzentas laudas se estendem por cinco mil, carreando tratados de piscicultura, teses de mestrado sobre aracnídeos, monografias de geologia, tudo devidamente vampirizado do ciberespaço…</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O resultado, no entanto, pode ser funesto.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Reza o artigo 69 –A da Lei Federal 9.605/98 – Lei de Crimes Ambientais:</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><a href="" name="0.1_art69a" style="margin: 0px; padding: 0px;"></a>Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão:</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">§ 1<sup style="margin: 0px; padding: 0px;">o </sup>Se o crime é culposo:</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">§ 2<sup style="margin: 0px; padding: 0px;">o </sup>A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A análise jurídica não pode ser algo secundário na elaboração de estudos ambientais. Geralmente, tornam-se a parte mais importante e decisiva quando o conflito é judicializado.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Relatórios reduzidos a uma somatória exaustiva de normas legais, sem análise crítica aplicável efetivamente à realidade analisada, muitas vezes, sequer são subscritos por advogados.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Dois tipos de casos costumam ocorrer:</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">1- textos inteiros de um determinado estudo são copiados e enxertados em outro e, em alguns casos, sequer mantém relação direta com a análise em causa;</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">2- O capítulo é reduzido a mero cópia-e-cola de normas legais relacionadas, nem sempre pertinentes…</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O Banco Mundial já recomendou um resgate do EIA como ferramenta efetiva para a gestão ambiental. Este deverá conter parecer jurídico conclusivo, subscrito por profissional do direito, de forma a conferir consistência legal à ferramenta, até mesmo para prevenir conflitos interpretativos e sua judicialização.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), da mesma forma, recomenda: capítulos jurídicos de estudos ambientais não são mera listagem de normas jurídicas aplicáveis. O que se quer é um parecer da aplicabilidade das normas sobre o caso que se está analisando.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Isso facilita muito, não só para o órgão que está fazendo o estudo, como para o próprio técnico que o efetua.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><a href="" name="0.1__GoBack" style="margin: 0px; padding: 0px;"></a>Devemos, portanto, combater os vampiros digitais. Precisamos resgatar os Estudos Ambientais da entropia de mediocridades rocambolescas que acabam por desprestigiar a Avaliação de Impactos e o próprio licenciamento ambiental.</span></div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-59761431189474569062013-11-21T00:05:00.000-02:002013-11-22T00:05:25.087-02:00É preciso mudar o clima da política de mudanças climáticas no Brasil<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" /></a></div>
<br />
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Por Antônio Fernando Pinheiro Pedro</span></em></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A 19ª Conferência dos Países-Partes da Conferência do Clima- chamada COP 19, transcorreu em clima frio, não apenas por conta da proximidade do invernos europeu (que pelo visto será rigoroso) como também pelos impasses verificados na política climática global.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O diretor da organização Germanwatch, Dr. Christophe Balls, em entrevista ao canal televisivo Deutsche Welle, comparou a negociação do novo acordo climático como uma maratona “com um longo percurso pela frente” onde se precisa ter uma noção clara das “marcas que delimitam o percurso e onde recebo comida e bebida”.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O ponto mais íngreme deste percurso pode ser definido em uma expressão: “perdas e danos”. Frequentemente utilizada durante esta conferência, ela diz respeito a quem deverá pagar a conta por desastres naturais inevitáveis, como o das Ilhas Carteret (Papua-Nova Guiné) que perderam 60% de sua superfície em 25 anos colocando seus mais de 3 mil moradores em situação de risco. Filipinas, também somam nesse circuito de desastres.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Essa parece a questão mais relevante de toda a conferência: superar as cobranças para atingir um entendimento, visando adoção de medidas conjuntas de prevenção e defesa civil ante os desastres climáticos que já ocorrem e que, ao que tudo indica, irão se multiplicar.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Países desenvolvidos, como os Estados Unidos, evitam qualquer tipo de compromisso legal para arcar com danos que, até o momento, são incalculáveis.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Mas a questão afeta a todos, não apenas aos detentores das chamadas emissões históricas de gases de efeito estufa.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O Brasil, por exemplo, avançou com sua proposta de um mecanismo para o cálculo das metas de redução das emissões dos países com base nas emissões atuais e também no quanto que cada nação emitiu desde o período pré-industrial. Assim, os países desenvolvidos teriam metas maiores.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Essa ideia não é nova. Foi apresentada pelo país durante as negociações do Protocolo de Kyoto (1997) e foi rejeitada. A expectativa da delegação brasileira, agora, é que essa “nova versão”, mais embasada em dados técnicos, e a solicitação de alguns países por um mecanismo de cálculo, dê mais fôlego à proposta.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O impasse nas negociações, porém, não poderia ocorrer em local mais apropriado e inusitado: a Polônia tem no carvão mineral sua principal matriz energética, responsável por 88% da produção de energia do país.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O carvão é a esperança dos poloneses de se livrarem da dependência das jazidas de petróleo e gás da Rússia, que frequentemente utiliza esses recursos como armas de pressão diplomática sobre os países do Leste Europeu.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Ironicamente, ainda que a Polônia seja um grande exportador desse mineral, as jazidas do país não dão mais conta da demanda interna e, por conta disso, os poloneses são forçados a importar matéria prima justamente da Rússia…</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Recentemente, o país sede da COP 19 derrubou o projeto de implantação de metas climáticas para a União Europeia até 2020. Isso porque, uma política só pode ser adotada dentro do bloco se todos os países votarem de forma unânime.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O impasse polonês, que também é europeu e global, contamina, portanto, toda a discussão internacional.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O Brasil também submerge nesse impasse, em meio a grandes contradições.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Tendo promulgado um marco legal em 2009, a Lei de Política Nacional de Mudanças Climáticas - 12.187/2009 – o país pouco ou nada avançou no alcance das metas estabelecidas.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Nossa matriz é a mais limpa do mundo, e, no entanto, insuficiente para a demanda de nossa economia – o que nos afasta da meta abstrata, tirada “do nada”, de “about” 36% de redução (sobre o que mesmo?) de emissões, aposta ao final do texto da citada lei nacional (bobagens similares pululam em normas estaduais, como o calhamaço inadministrável sancionado no Estado de São Paulo).</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Legalmente, não possuímos um SISTEMA NACIONAL DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS. Esse instrumento foi evitado no marco legal, por submissão política a interesses inconfessáveis, sejam os interesses de ordem econômica, sejam os relacionados ao Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, já estruturado pela Lei Federal 6.938/1981 e capitaneado pelo Ministério de Meio Ambiente.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">No entanto, de fato, possuímos um sistema – composto por um Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima, uma Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima, um Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, uma Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima) e a Comissão de Coordenação das Atividades de Meteorologia, Climatologia e Hidrologia, afora a secretaria executiva da Comissão acima citada, que funciona como uma agência sem capacidade de regular…</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O que é preciso, efetivamente, é nos voltarmos para nosso ambiente regulatório climático e … REORDENARMOS TUDO! Criarmos um Sistema Nacional de Mudança do Clima.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Precisamos inserir urgentemente a defesa civil nesse sistema, apor regras confiáveis que orientem o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões, criar uma plataforma para esse mercado, um regime fiscal que incentive a adoção de sistemas de geração e distribuição de energia limpa e, instituir uma Agência Reguladora.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Ou fazemos isso logo ou o clima econômico, ambiental e social, ficará pior ainda para o Brasil.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Publicado no portal Última Instância em 21 de novembro de 2013.</span></em></div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-27718849764630005712013-11-19T18:36:00.003-02:002013-11-19T18:36:27.916-02:00Princípio da proibição de retrocesso ambiental é falácia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/conjur.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/conjur.jpg" /></a></div>
<br />
<div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Por Antônio Fernando Pinheiro Pedro</span></em></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Derrotadas pelo Estado Democrático de Direito, viúvas do antigo Código Florestal reinventaram a roda para tentar impor uma derrota dos fatos. Para tanto, optaram por aniquilar a verdade, caindo de assalto sobre o processo legislativo responsável pela mudança da confusa e complexa legislação florestal brasileira.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Para, negar validade ao processo republicano e democrático de formulação dos marcos legais, optaram esses biocentristas por “garantir a emancipação do ecossistema em detrimento do modelo predatório vigente”, fazendo uso de uma construção silogística a que denominaram apelidar “Princípio da Proibição de Retrocesso Ambiental”.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">No entanto, como toda construção silogística sem premissas válidas, o castelo de cartas construído a título de “proteção do meio ambiente” não resiste a um simples exame histórico dos fatos, senão vejamos.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">O Congresso Nacional cumpriu seu papel</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O novo Código Florestal Brasileiro foi aprovado pelo parlamento após extensas discussões, debates e manobras regimentais.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O novo texto legal surge conturbado por pressões de toda ordem — algo típico dos interesses e direitos difusos, cuja conflituosidade intrínseca refletiu-se nos debates acerbos entre ambientalistas, ruralistas e realistas, por todo período de tramitação do diploma até sua sanção presidencial.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Em meio a “clamores” por vetos, intervenções, medidas provisórias e outros meios, o fato é que o texto legal foi costurado pelo parlamento visando estabelecer regras mais claras para a política florestal em nosso território. O diploma legal seguiu o regular processo legislativo, que é a razão de ser de nossa democracia pluralista, assimétrica e poli cultural.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Sancionado pela Presidente Dilma Rousseff, agora é Lei!</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Trata-se da Lei 12.651 de maio de 2012, que já nasce questionada por ações de declaração de inconstitucionalidade, protagonizadas por “viúvas” do Código Revogado, em especial os arautos do biocentrismo fascista.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Importante, assim, resgatarmos o histórico de todo esse processo, permitindo que o conhecimento da hermenêutica (o cenário em que foi criado o texto legal ora em vigor) possa se dar em parâmetros justos e realistas, de forma a não ferirmos o respeito às nossas instituições democráticas.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">O espírito produtivista dos Códigos Florestais de 1934 e 1965</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Código de 1934 — Promulgado por Decreto, em 1934, o primeiro Código Florestal Brasileiro incorporava o mais puro intervencionismo Estatal — pretendia ordenar e planificar unilateralmente nosso território, nele apondo, por mero procedimento administrativo, áreas de preservação, parques e reservas — sem prejuízo do incentivo à crescente silvicultura nacional.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O valor ecológico da mata nativa, no entanto, não era o foco da Lei.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O que se pretendia era a homogeneização florestal para a produção de madeira.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Queria Getúlio Vargas, nos anos 30, incrementar a construção civil, a fabricação de papel, móveis, armas, e combustíveis. A política florestal deveria prover a indústria siderúrgica e a expansão ferroviária.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O Código Florestal de 34 chegou a justificar a organização de um serviço florestal brasileiro, mas, a verdade é que pouco contribuiu para o ordenamento territorial que pretendia programar.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Código de 1965 — Promulgado em 1965, o novo Código continha mecanismos que visavam compensar a fraca implementação do código anterior.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O proprietário particular passou a sofrer obrigações e restrições territoriais no uso da terra, como se o ordenamento pretendido “no atacado” pelo Código de 34, pudesse ser substituído por outro instituído “no varejo”, no Código de 65 — como uma troca face ao incentivo à silvicultura.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Destacaram-se a Área de Preservação Permanente (APP), inspirada na ordenações portuguesas, e a Reserva Legal (RL), que pretendia reproduzir em micro-zonas privadas o que na verdade se devia ordenar em macro-zonas públicas, mediante desapropriação para criação de Parques Nacionais e Reservas.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Tivesse ocorrido um efetivo cumprimento do Código Florestal de 1965, concomitante com a implementação do corajoso e inteligente Estatuto da Terra editado em 1964, poderia, é verdade, ter acontecido o ordenamento mais adequado para a produção agrícola e um regime fundiário mais racional em nosso país.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Entretanto, o avanço da tecnologia, a industrialização, a grande produção nos latifúndios, a concentração industrial e, por conseguinte, a migração para as cidades — tudo em pouco mais de 20 anos — alterou toda a perspectiva pretendida por aquelas leis.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Assim, o que poderia ter sido bom, terminou sem ter ao menos começado.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">O Código Florestal e a legislação ambiental</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A degradação dos recursos ambientais em larga escala, advinda da radical transformação da economia brasileira nos anos 50, 60 e 70, mereceu introdução de instrumentos dedicados ao controle da poluição, nos anos 70, 80 e 90.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) surgiu assim coligado com a reestruturação do Ministério Público Brasileiro, par e passo com o aparelhamento da sociedade civil para a defesa dos interesses difusos e coletivos.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Cria-se, então, um novo quadro de controle ambiental: Lei de Parcelamento do Solo Urbano, de 1979, Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, de 1981, Lei da Ação Civil Pública, de 1985, a Constituição Federal promulgada em 1988, o Código de Defesa do Consumidor, de 1991, o Decreto da Mata Atlântica de 1992, Lei de Improbidade Administrativa, de 1992, Lei de Política Nacional de Recursos Hídricos de 1997 e Lei de Crimes Ambientais de 1998.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O Código Florestal, face a tudo isso, precisou então ser compatibilizado com a nova Constituição e com a nova legislação.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O resultado para o Código Florestal de 1965 foi funesto: uma equivocada retirada do caráter produtivista e rural de suas vísceras, reduzindo-o a um retalho urbanoide e “natureba”.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">A Medida Provisória de 2001</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b style="margin: 0px; padding: 0px;"><br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></b>A arbitrária Medida Provisória 2.166/2001 se dá nesse contexto da perda do caráter original do Código Florestal.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Em meio a denúncias internacionais contra o governo brasileiro, por conta de reiteradas e repetitivas cenas de grandes incêndios florestais na Amazônia, o presidente Fernando Henrique Cardoso, inadvertidamente, cedendo a pressões, baixou a Medida Provisória 2.166.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Essa MP afrontou o setor produtivo rural brasileiro e todos os regimes de uso do solo urbano nos municípios; modificou o conceito de Área de Preservação Permanente e de Reserva Legal e aplicou rombudas medidas métricas e proporções assimétricas a estes institutos.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Herdeiro de um conflito que começava a se desenhar, o presidente Lula, por sua vez, permitiu que sua ministra de Meio Ambiente, biocentrista de carteirinha, iniciasse uma série absurda de regulamentações que ampliaram as distorções, afetando áreas consolidadas, obras de infra-estrutura e atividades econômicas preexistentes.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A Reserva Legal, ganhou um caráter limitador da produção — uma pena imposta ao produtor rural como se este tivesse que buscar o perdão pelo fato pecaminoso de fazer uso da terra. Não por outro motivo, doravante a Lei passou a qualificar a devida produção de alimentos como “uso alternativo do solo” (sic).</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Conceitos estreitos, como se sabe, induzem a preconceitos.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Assim, com a edição da MP 2.166 e sua regulamentação, surgiram novos conflitos sem que os anteriores se resolvessem.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A solução política e institucional para a República, portanto, não poderia ser outra que não a de se retomar o processo legislativo para instituir um novo Código Florestal.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">O Processo Legislativo Republicano e suas mazelas</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b style="margin: 0px; padding: 0px;"><br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></b>O Congresso Nacional, então, cumpriu o dever de submeter a malfadada Medida Provisória aos termos do democrático Processo Legislativo.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Foi então que, sob a relatoria do deputado federal Aldo Rebelo, ocorreram audiências públicas, workshops, seminários, bem como abundante produção de documentos.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O texto resultante privilegiava a formação de grandes fragmentos florestais, a manutenção do equilíbrio ecológico e o desenvolvimento social e econômico do Brasil.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Sua votação foi bastante conturbada pela péssima condução dos interesses do Governo Federal pela liderança governista na Câmara Federal, isso somado a um intervencionismo claudicante dos próceres do Ministério do Meio Ambiente, turbinado por ONGs.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O resultado, por óbvio, causou desgaste à presidente Dilma sem qualquer necessidade.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O Projeto de Lei que seguiu para o Senado Federal para votação, respeitava peculiaridades territoriais, considerava variáveis regionais e obedecia a competência legislativa concorrente estatuída na Constituição Federal.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Ali, no Senado, contudo, a pressão governamental por um texto conservador que em quase nada diferia do resultante da malfadada Medida Provisória, bem como a necessidade burocrática de se salvar todo um cipoal de normas, regulamentos, multas emitidas e sanções implementadas, acabaram por provocar um acordo de lideranças que modificou consideravelmente o texto aprovado, merecendo, então, o Projeto de Lei, nova análise na Câmara Federal, que, por óbvio, sentiu-se bastante melindrada com a quase desautorização do seu trabalho, pela articulação dos Senadores.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Importante observar que o Senado representa a unidade federativa, não a representação popular.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O Senado se expressa de forma harmônica, independentemente do tamanho, população e expressão econômica dos estados representados.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Já a representação popular, espelhada pela Câmara Federal, resulta das assimetrias, idiossincrasias, interesses conflitantes e peculiaridades díspares que impeliram o voto nos representantes, mandatários da vontade popular, expressa em textos legais pertinentes.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O fato é que, sob a relatoria do deputado Paulo Piau (PMDB-MG), o PL do Código Florestal ganhou contornos ainda mais produtivistas que o anteriormente saído da casa dos representantes do povo, produzindo até mesmo omissões e incompletudes que mereceriam atenta observação da chefia do executivo federal, quando da sua sanção.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">De uma forma ou outra, no entanto, passada a fase da aprovação pelo parlamento, a reação dos radicais da natureza sem causa já era esperada.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A militância biocentrista fez uso de todos os expedientes, cosméticos, dramáticos, científicos e institucionais. Até mesmo tragédias ocasionadas pelas chuvas, bem como do compromisso brasileiro perante o Protocolo de Quioto ou mesmo, seu papel na Conferência da ONU Rio+20, serviram para criar obstáculos ao novo Código Florestal — como se o anterior, então em vigor, houvesse evitado ou pudesse evitar a tragédia da ocupação populacional em áreas de risco não mapeadas, ou mesmo o desmatamento histórico num território sabidamente mal ordenado.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Na verdade, as tragédias mostraram justamente a falência da legislação anterior, jamais a necessidade de sua manutenção.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Necessário respeito às nossas instituições, acima de tudo</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b style="margin: 0px; padding: 0px;"><br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></b>Devemos apoiar o Regime Democrático e o processo legislativo e, dessa forma, permitir que a sociedade brasileira obtenha um instrumento legal que, efetivamente, valha a pena ser cumprido.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Impõe-se, portanto, o respeito ao livre processo legislativo, à autonomia dos poderes, e à vontade do mandato popular, ainda que os resultados não sejam do agrado de todos, ou desagradem a muitos…</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Inconformados com o resultado legislativo, arautos da regressão preservacionista intentam implementar um inexistente, obtuso, teratológico, reacionário e antirrepublicano “princípio da proibição ao retrocesso ambiental”.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Esse “Princípio de Proibição” ou “Vedação de Retrocesso Ambiental”, é mero exercício de proselitismo reacionário. Trata-se de uma somatória de silogismos que atenta contra a inteligência de qualquer cidadão e revela, sobretudo, uma inconfessável e condenável vontade de sobrepor vaidades pessoais, preferências subjetivas, simpatias ideológicas, neofascismos e ecologismos de ocasião ao verdadeiro e legítimo Interesse Público, à democracia e ao Estado de Direito.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Nega-se o caráter dinâmico do equilíbrio ecossistêmico, que envolve todos os elementos biológicos, econômicos, sociais, climáticos, que refogem absolutamente ao domínio do direito (e por isso mesmo devem ser reconhecidos pelo mesmo) para se buscar uma cristalização do meio por meio de silogismos.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Assim, se já é impossível entender o que seja “equilíbrio” numa relação dinâmica, muito mais difícil é aplicar o freio da “proibição de retrocesso” a algo que não se sabe se recua ou avança… Enfim, uma bobagem retorica que deveria ser riscada da doutrina moderna do direito.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A Presidente da República, ainda que pressionada juridicamente, titubeou mas em tempo, sancionou o que podia e devia ser sancionado.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Cumprirá, agora, ao judiciário, evitar a armadilha montada a partir de uma doutrina jurídica literalmente “fake” e, assim, evitar também o desastre degerar uma jurisprudência que não representa com dignidade a Justiça, a Constituição e o Estado de Direito.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">De fato, há, a partir de agora, um regime florestal melhor que o anterior cipoal de indefinições, surgido com a Medida Provisória golpista definitivamente enterrada (ainda que tenha esta deixado sequelas na lei sancionada).</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Não há sustentabilidade, portanto, se não houver respeito ao Estado Democrático de Direito Republicano.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Merece, assim, o Estado Brasileiro, mais respeito e tempo para consolidar os rumos legais escolhidos e definidos democraticamente no processo de elaboração da nova Lei 12.651 de maio de 2012.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><a href="" name="autores" style="margin: 0px; padding: 0px;"></a><em style="margin: 0px; padding: 0px;">Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, especialista em Direito Ambiental, consultor do Banco Mundial e membro do Comitê de Energia e Desenvolvimento Sustentável e da ICC Green Economy Task Force, da Câmara de Comércio Internacional.</em></span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Revista <strong style="margin: 0px; padding: 0px;">Consultor Jurídico</strong>, 19 de novembro de 2013.</span></div>
</div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-40224378992538185892013-11-06T15:00:00.000-02:002013-11-07T15:01:16.631-02:00Reciclagem de Navios<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/DCI.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="70" src="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/DCI.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="background-color: white; color: grey; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><br /></em></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Por Guilherme Crippa Ursaia</span></em></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A expansão de práticas inadequadas de desmantelamento de navios continua preocupando, haja vista que a demolição no mundo aumentou seis vezes entre 2007 e 2009. A maior parte dos grandes navios mercantes continua a ser desmantelada inadequadamente em estaleiros de baixa qualidade, em locais onde leis ambientais, trabalhistas e normas de segurança, não têm qualquer valor, como China, Índia e África e Haiti.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">É difícil determinar quando um navio se converte em resíduo e quase impossível aplicar o regulamento relativo às transferências de resíduos (Convenção de Basileia), em vigor na União Europeia. Não é incomum que um navio seja vendido a outro operador, a pretexto de que continuará no ativo, só para ser transferido para um estaleiro de desmantelamento.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Em 2009, a Organização Marítima Internacional adotou a Convenção Internacional de Hong Kong sobre a Reciclagem Segura e Ecológica dos Navios, que terá de ser ratificada. No Brasil, a Lei 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Decreto 7.404/2010 já estão vigor, prevendo sua extensão por meio de acordo e planos de resíduos, podendo ser estendida a outros setores, ainda que não haja uma disposição expressa em lei sobre o tema. Trata-se da aplicação do princípio da responsabilidade pós-consumo, independentemente de regulamentação, para que se obriguem fabricantes de determinados produtos a recolhê-los e dar-lhes destino correto. É possível obrigar judicialmente fabricantes pela responsabilidade pós-consumo de seus produtos. O governo pode regulamentar a responsabilidade pós-consumo, como o fez nos casos de pilhas, baterias, pneus, óleo lubrificante, dentre outros.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Publicado no jornal DCI em 6 de novembro de 2013.</span></em></div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-34034236100585763132013-10-29T11:16:00.000-02:002013-11-04T11:16:55.045-02:00Vampiros digitais II: o “copia-e-cola” nos estudos de impacto ambiental<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" /></a></div>
<div style="background-color: white; color: grey; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><br /></em></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Por Antônio Fernando Pinheiro Pedro</span></em></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Me referi no meu artigo anterior à baixa qualidade dos estudos e publicações, sejam técnicas, jurídicas, acadêmicas ou não, digitalizadas ou impressas, por conta da “vampirização digital”.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Hoje, qualquer vampiro digital pega “emprestado” texto de um estudo alheio e trata de inseri-lo em outro. É do instinto vampiresco “chupar” citações, ainda que de nada sirvam para a conclusão da obra.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O resultado dessa vampirização é a feitura não de estudos mas, sim, de “frankensteins”, de monstros do “puzzle digital”, que substituem a capacitação técnica que deveria constituir a alma do estudo.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O resultado disso, como já dito, pode ser funesto.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Reza o artigo 69 –A da Lei Federal 9.605/98 – Lei de Crimes Ambientais:</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão:<br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.<br style="margin: 0px; padding: 0px;" />§ 1o Se o crime é culposo:<br style="margin: 0px; padding: 0px;" />Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.<br style="margin: 0px; padding: 0px;" />§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A vampirização digital constitui crime, e, com isso, pode o empreendedor patrocinador da fraude perder o seu investimento.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">O caso das análises e estudos jurídicos</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A análise jurídica não pode mais ser algo secundário na elaboração do estudo para, depois, se tornar a parte mais importante e decisiva no conflito, quando o estudo for eventualmente judicializado.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Relatórios costumam ser reduzidos a uma somatória exaustiva de normas legais, sem análise crítica aplicável efetivamente à realidade analisada e, muitas vezes, sequer subscrito por advogados.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">São dois caso graves que tenho atestado muitas vezes:</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">1- textos inteiros de um determinado estudo são copiados e enxertados em outro estudo e, em alguns casos, sequer mantém relação direta com a análise em causa;<br style="margin: 0px; padding: 0px;" />2- O capítulo é reduzido a mero cópia-e-cola de normas legais relacionadas mas, nem sempre pertinentes…</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O Banco Mundial, em importante estudo sobre a performance do licenciamento ambiental das hidrelétricas no Brasil (do qual participei como consultor), recomendou a necessidade do resgate do EIA como ferramenta efetiva para a gestão ambiental, devendo conter parecer jurídico conclusivo no seu bojo, subscrito por profissional do direito, de forma a conferir consistência legal à ferramenta, até mesmo para prevenir conflitos interpretativos e sua judicialização.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A vampirização digital, portanto, pode levar ao descrédito da instituição do licenciamento ambiental e à exposição de equipes de analistas à judicialização de seus relatórios.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">O risco para proponentes e agentes da administração</span></strong></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Capítulos jurídicos “copiados e colados” ou reduzidos a um “legal framework” meramente descritivo de marcos legais deixam os técnicos absolutamente a descoberto, submetidos a críticas ferozes provindas dos órgãos ambientais, do Ministério Público ou de ONGs.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Indefinições decorrentes desse tipo de comportamento, podem gerar ações de improbidade, anulação de todo o estudo de impacto ou avaliação componente do licenciamento, quando não induzir a procedimentos criminais.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) já tem recomendação: os capítulos jurídicos de impacto ambiental não são uma mera listagem de normas jurídicas aplicáveis, até porque para isso não é necessário advogado ou prevenção de conflitos. O que se quer é um parecer da aplicabilidade das normas sobre o caso que se está analisando.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Isso facilita muito, não só para o órgão que está fazendo o estudo, como para o próprio técnico que o efetua.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">É importante lembrar que na fase do licenciamento ambiental, analista e executor do EIA estão integrados a uma atividade de nítido interesse público. Analista e executor estão, no instante que analisam o empreendimento, cumprindo rigorosamente o mesmo papel: oferecer o maior volume de informações que sustente a decisão final do licenciamento ambiental.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Hoje, as agências ambientais estão pedindo estudos mais apurados, efetuados com originalidade, claros e objetivos. A sociedade precisa confiar nesses estudos. Portanto, é mais que necessário para o órgão ambiental que o estudo esteja subsidiado juridicamente, ainda que a autoridade decida contrariamente ao empreendimento.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Combater o “copia-e-cola”, portanto, é resgatar qualidade jurídica no EIA.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">É importante afastar os vampiros digitais, permitindo que o Capítulo Jurídico não seja uma “listagem de normas legais aplicáveis”, mas, sim, um efetivo estudo de aplicabilidade das normas.</span></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Publicado no portal Última Instância em 29 de Outubro de 2013.</span></em></div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-515817105869694276.post-54658417225675703642013-10-22T15:15:00.001-02:002013-10-24T16:48:49.326-02:00A poluição dos vampiros digitais, ou como o preguiçoso “copia e cola” destrói a qualidade dos estudos de impacto ambiental<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.pinheiropedro.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/ultimainstancia.jpg" /></a></div>
<br />
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Por Antônio Fernando Pinheiro Pedro</span></em></div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<div class="MsoNormal">
Ao passar os olhos nas recentes
publicações nacionais, sejam técnicas, jurídicas, acadêmicas ou não,
digitalizadas ou impressas, observo a sua baixa qualidade. Há uma proliferação de conteúdos
repetitivos e desnecessariamente prolixos.</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Como sinal desse tempo medíocre
que vivemos, nas publicações atuais o texto é tão carregado de citações e
referências bibliográficas, que chega a desfocar seu objeto, quando não
torná-lo inconcluso, confuso ou até mesmo rocambolesco.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O show de mediocridades eruditas
deve-se, em grande parte, ao que chamo “<b>vampirização
digital</b>”. O vampiro<b> digital é</b> aquele indivíduo que “pega emprestado” texto alheio e
trata de inseri-lo em outro, sem o cuidado de citar a fonte ou mesmo
contextualizar. É do instinto vampiresco “chupar” citações, ainda que de nada
sirvam para a conclusão da obra.</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Vampiros digitais se dedicam não
raro a “reconstruir” ideias, “maquiando-as” com citações emprestadas para não
citar o verdadeiro autor ou permitir que se identifique em que condições referidas
“inspirações” se deram.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
No ramo das mediocridades
editoriais, universitárias ou científicas, verifico vampirizações formatadas,
submetidas a regras acadêmicas ou da ABNT, vampirizações regulares,
normatizadas e atestadas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Com efeito, se isso vem ocorrendo
num campo relativamente minado para os vampiros digitais, como é o meio
acadêmico, o que se dirá dos estudos técnicos e relatórios gerados no bojo de
um Estudo de Impacto Ambiental, de uma análise ou parecer auferido no bojo do
licenciamento ou de um processo de resolução de conflito relacionado à tutela
do meio ambiente?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nesse campo, no dia-a-dia de
nossa vida profissional, tenho observado o "corta-e-cola" executado
repetidamente, acrescido à falta de cuidado no citar a fonte e, mais grave, com
enorme potencial de causar mais dano ambiental que equacioná-lo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ao apertar as teclas "<i>control C</i>" e "<i>control V</i>" do computador, o que
normalmente faz o vampiro digital é dar vida a “frankensteins”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
De fato, esses monstros do
“puzzle digital” substituem a capacitação técnica que deveria constituir a alma
do estudo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Vou me limitar a analisar o caso
dos Estudos de Impacto Ambiental – EIA, como parâmetro para qualquer outro
estudo ou análise ambiental - o que não significa que outros “pescoços de
criatividade” não estejam neste momento sendo atingidos pelos caninos afiados
dos vampiros digitais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ora, nada mais natural que
ocorra, hoje, perda sensível da qualidade do conteúdo e da própria análise dos
Estudos de Impacto Ambiental e respectivos relatórios, no âmbito do SISNAMA –
Sistema Nacional do Meio Ambiente, na proporção direta da sua crescente
industrialização.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A ausência de cumprimento, por
parte do próprio Poder Público, da sua obrigação de mapear o território que
tutela, planejar de forma integrada o desenvolvimento local e regional e,
sobretudo, a falta de ordenamento territorial digno desse nome, permitem ao
empreendedor, ao analisar os impactos ambientais de seu empreendimento, sugerir
o mapa, o plano e o ordenamento, transformando uma análise técnica que deveria
ser objetiva em um calhamaço justificador de filigranas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Isso é um paraíso para os
vampiros digitais, os quais, a título de acrescentar conteúdo ao trabalho de
colagem, colam ainda mais...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Por conta disso, já presenciei
Estudos que deveriam conter no máximo duzentas laudas, se estenderem por cinco
mil, carreando no seu bojo tratados de piscicultura, teses de mestrado sobre
aracnídeos, monografias de geologia, tudo devidamente vampirizado do
ciberespaço...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O resultado disso, no entanto,
pode ser funesto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Reza o artigo 69 –A da Lei
Federal 9.605/98 – Lei de Crimes Ambientais:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt;">
<a href="" name="art69a"></a>Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão
florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou
relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por
omissão: <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt;">
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt;">
§ 1<u><sup>o</sup></u> Se o crime é culposo: <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt;">
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt;">
§ 2<u><sup>o</sup></u> A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois
terços), se há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da
informação falsa, incompleta ou enganosa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Portanto, a vampirização digital pode,
efetivamente, obrigar o vampiro levar para a cadeia, consigo, o seu caixão
virtual. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O pior é que o contratante do
estudo transformado em “puzzle”, pode pôr a perder todo o seu investimento, por
conta do impacto ambiental negativo ocasionado pelo preguiçoso, anônimo e
abominável “copia-e-cola” dos vampiros digitais.<o:p></o:p></div>
</div>
<div style="background-color: white; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<em style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="font-family: inherit;">Publicado no portal Última Instância em 22 de Outubro de 2013.</span></em></div>
Pinheiro Pedro Advogadoshttp://www.blogger.com/profile/05889483670909827936noreply@blogger.com0